Encontro regional do Seminário Águas de Minas aborda os desafios a serem superados no Jequitinhonha Representantes da sociedade civil pediram maior atenção do poder público para a preservação dos recursos hídricos durante o encontro regional do Seminário Legislativo “Águas de Minas III – Desafios da Crise Hídrica e a Construção da Sustentabilidade” promovido nesta quinta-feira (13/8/15) pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha).

A presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araçuaí, Cléa Amorim de Araújo, pediu a “quebra da cultura dos gabinetes”, já que muitos dos planos ambientais são formulados por pessoas que não conhecem a realidade dos municípios, segundo ela. “Muitos pequenos usuários de água são multados, mas as liberações para as grandes mineradoras, quem é que dá? Quem permite que eles acabem com a nossa água?”, provocou.

Araújo pediu, ainda, mais participação do poderes públicos municipais e estaduais nos comitês de bacias. “É preciso acabar com os esgotos a céu aberto, os lixões expostos, o uso inadequado de agrotóxicos e o desmatamento feito pelas carvoarias. São questões essenciais a serem resolvidas se quisermos cuidar dos nossos recursos hídricos”, completou.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha, Arlindo Lima Tupy, foi enfático em afirmar que “os gestores públicos não estão nem aí para o meio ambiente”. Segundo ele, os comitês de bacias são enfraquecidos porque não possuem recursos próprios nem participação de membros das prefeituras. “Somos pedintes, não temos dinheiro para nada”, lamentou.

Membro da Comissão Extraordinária das Águas da ALMG, o deputado Doutor Jean Freire (PT) frisou que quando a água faltava no semi-árido mineiro, a culpa era sempre da seca, mas agora que as regiões mais ricas sofrem com a falta de água, fala-se em crise hídrica. “Precisamos fazer uma auto-crítica do que estamos fazendo com a nossa mãe terra”, pontuou.

Tecnologias sociais - A diretora regional da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social em Araçuaí, Maria do Carmo Ferreira da Silva, entregou ao deputado um documento com uma série de demandas, dentre elas a revogação do decreto estadual que desapropriou terrenos em oito municípios do Norte de Minas para a construção de um mineroduto pela Empresa Sul-Americana de Metais. “Queremos a construção de barragens para a perenização do Rio Araçuaí e um maior apoio às tecnologias sociais, além da despoluição do Rio Jequitinhonha, cuja contaminação foi constatada em laudo emitido pela UFMG no ano passado”, cobrou.

A secretária municipal de Desenvolvimento Sustentável de Araçuaí, Marcilene Maria Ramalho Silva, destacou a importância das tecnologias sociais para a região. “As cisternas têm feito a diferença, mas não é só isso o que temos de fazer. Temos que trabalhar a educação ambiental da população, evitar que os incêndios aconteçam e fazer com que a sociedade se organize para evitar o desperdício e plantar mais árvores”, defendeu.

O diretor de Ensino do Instituto Federal do Norte de Minas, Natalino Gomes, sugeriu ações mais abrangentes para combater a falta de água, ao invés de se focar em ações de impacto mais reduzido ou individual. “Temos de implantar programas para permitir a infiltração da água no solo. Ações como o cercamento de nascentes, implantação de terraços, barraginhas e curvas de nível vão diminuir a velocidade da água circulando, permitir a infiltração da água da chuva no solo e essa água sairia pelas nascentes, beneficiando muito mais pessoas, já que as cisternas de placas são limitadas a atender grupos pequenos”, defendeu.