Justiça decide não internar adolescente que matou jornalista em Araçuai
O pedido de internação foi negado pelo juiz da Comarca Carlos Jucken
O adolescente de 16 anos que confessou o assassinato do jornalista André Luiz de Sá, após o desentendimento durante um programa sexual, em Araçuaí, na Região do Vale do Jequitinhonha, na madrugada de 3 de agosto, vai continuar solto por decisão da Justiça.
O jornalista, que era assessor de Comunicação da prefeitura, foi morto a pauladas na casa em que estava construindo, no Canoeiros, bairro onde também mora o adolescente que tem várias passagens pela polícia por furto, tráfico e uso de drogas.
O delegado de Araçuaí, Cristiano Castelucci Arantes, que acompanha o caso, disse que após tomar o depoimento do menor, solicitou a internação dele à Promotoria Pública, pela prática de homicídio qualificado, cometido por motivo fútil, sem dar chance de defesa à vitima. Porém, o juiz da Comarca de Araçuaí, Carlos Jucken, negou o pedido, determinando que o menor infrator fosse colocado em liberdade.
O delegado não quis comentar a decisão do juiz.
O Estatuto da criança e do adolescente.(ECA) prevê que o menor que cometer crimes graves pode cumprir até três anos de internação em centro de reeducação. " O centro de internação mais próximo é em Teófilo Otoni, a 240 km de Araçuai", disse o delegado.
A mãe do menor, uma doméstica de 43 anos, contou que o filho confessou o crime friamente , no domingo(9) e que por isso, ela decidiu entregá-lo à polícia. Ela disse também que o filho saiu de casa há seis meses para morar com um outro rapaz, suspeito de envolvimento em roubos, furtos e tráfico de drogas.
O delegado Cristiano Arantes afirmou que já estava na pista do adolescente após intensas investigações.
Na delegacia, o menor mostrou indiferença e frieza afirmando que mesmo se a polícia não o descobrisse, ele iria confessar o crime porque sabia que é menor e que não ficaria preso.
O menor contou que encontrou com o jornalista André Luiz de Sá , quando seguia para casa, por volta da meia-noite e meia de segunda-feira(3). Ele disse também que já havia mantido outros contatos intimos com o jornalista e por isso aceitou o convite para fazer um programa sexual, pelo qual receberia R$ 100, além de um telefone celular.
Após manter relação sexual com André Sá, o menor disse que o jornalista tentou agarrá-lo insistindo para que ele fosse passivo. A partir daí os dois discutiram momento em que ele foi até a cozinha, fingindo que iria beber água e se armou de um pedaço de pau.
" Ele queria me estuprar, por isso eu matei ele a pauladas. Não estou arrependido", afirma o menor. " Ele estava sentado na cama. Eu dei a primeira paulada na cabeça. Ele levantou, eu dei outra. Foram quatro pauladas", confessou o adolescente.
Após o crime, ele usou o tênis do jornalista para se lavar e não deixar pistas.
Ele revelou que não quis levar o celular da vítima, para não ser rastreado e descoberto mas roubou R$ 30 que o jornalista tinha no bolso.
Ao sair da casa, deixou o tênis na área de entrada, trancou o portão e jogou a chave por cima do muro.
O delegado Cristiano Castelucci Arantes informou que vai fazer a reconstituição do crime ainda esta semana, para esclarecer o crime por completo e concluir o inquérito.