A Polícia Federal (PF) deu início nesta quinta-feira (25) à segunda etapa da operação “Acrônimo”, que investiga o governador Fernando Pimentel (PT), a primeira-dama do Estado, Carolina de Oliveira Pereira, e o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, por suposta lavagem de dinheiro e caixa 2 a partir de contratos públicos. De 2005 a 2014, as empresas de Bené amealharam R$ 525 milhões em contratos com órgãos do governo federal.

 
O escritório político de Pimentel e a empresa OPR Consultoria Imobiliária, localizados em um prédio na região Sul de Belo Horizonte, foram alvos de busca e apreensão de documentos e de um computador.
Os federais queriam vasculhar a sede do governo mineiro e as residências oficial e particular do governador, mas os pedidos foram indeferidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

Trecho do inquérito obtido pelo Hoje em Dia reforça a proximidade de Bené com Pimentel, que na época era ministro do Desenvolvimento, e Carolina. Conforme documentos da investigação, um sócio-laranja do empresário, Pedro Augusto Medeiros, bancou a hospedagem do casal em um resort de luxo na Bahia.

 
Ao todo, a estada custou exatos R$ 12.127,50. No período de 14 de novembro a 17 de novembro de 2013, eles ficaram hospedados no Resort Kiaroa Eco Luxury, na Península de Maraú, na Bahia. A reserva foi feita pelo próprio Bené. Já o pagamento foi realizado por Medeiros, que chegou a ser preso durante a primeira fase da operação “Acrônimo”, por meio de uma TED no valor de R$ 9.702 e por um depósito de R$ 2.425,50.


Ofício
Em ofício ao Resort Kiaroa, o delegado federal Guilherme Torres requisitou os registros na pista de pouso do hotel e imagens de Carolina. Em resposta, o gerente operacional, Jairo Freitas Cavalcante Santos, informou que a primeira-dama chegou ao local de avião, mas não foi possível identificar o prefixo da aeronave. As imagens não foram captadas.
Em março de 2014, Pimentel, Carolina e Bené viajaram juntos em avião particular a Punta del Leste, no Uruguai. Em maio deste ano, o apartamento usado por Carolina em Brasília foi alvo de busca e apreensão de documentos. Por meio de advogado, a primeira-dama refutou qualquer irregularidade e atribuiu a ação da PF a um “erro” da investigação. Pimentel tem evitado falar sobre o assunto.


Nesta quinta-feira (25), a PF cumpriu 19 mandados de busca e apreensão – seis em BH, um em Uberlândia, dez em Brasília e o resto em São Paulo e no Rio.
E mais

QG da campanha eleitoral de 2014 e escritório são devassados por agentes federais em BH


Na capital mineira, um dos alvos da operação “Acrônimo” da Polícia Federal (PF) foi o escritório da empresa de Alexandre Allan Prado, filho de Otílio Prado, assessor especial da Secretaria de Estado da Fazenda e braço direito do governador Fernando Pimentel desde os tempos em que o petista era prefeito de Belo Horizonte.


A OPR Consultoria Imobiliária fica na rua do Ouro, 1.488, sala 301, próximo ao prédio onde reside o governador, no bairro Serra, região Centro Sul da capital.
No mesmo endereço funciona um escritório político de Pimentel que, na eleição do ano passado, foi usado como uma espécie de QG de campanha.
A OPR é o novo nome da empresa P21 Consultoria, da qual Pimentel era sócio. Otílio deixou o quadro de sócios da empresa em 2011, após denúncias de que ele prestaria consultoria para a Prefeitura de BH, ao mesmo tempo em que ocupava cargo no Executivo municipal.
No governo do Estado, Otílio tem salário bruto de R$ 16.737,01, e participa dos conselhos das empresas públicas MGS e MGI. A remuneração líquida é de R$ 18.631,76.


Os federais ficaram no prédio durante cinco horas. Depois eles saíram levando um malote cheio de documentos e um computador. A busca foi acompanhada pelo sub-secretário de Comunicação Social do governo de Minas, Ronald Cavalcante de Freitas, que não quis dar entrevista.


Nota
Em nota, o governo contestou a ação dos federais. Segundo o comunicado, a operação “é a extensão da arbitrariedade cometida anteriormente, quando os policiais estiveram no apartamento” da primeira-dama Carolina de Oliveira Pereira.

O texto diz ainda que “com base somente em ilações e deduções fantasiosas, essa investigação prossegue eivada de irregularidades”. E finaliza: “Resistiremos a qualquer tentativa de impor a Minas Gerais constrangimentos indevidos e antirrepublicanos.”


Agência de publicidade do PT também é alvo de apreensão


A Polícia Federal apreendeu na sede da agência de publicidade Pepper, em Brasília, um computador e mochilas com materiais, na segunda fase da operação “Acrônimo”. A empresa é contratada pelo PT para cuidar da página do Facebook da presidente Dilma Rousseff. Carolina Oliveira, mulher do governador Fernando Pimentel, trabalhou na agência. A ação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), após pedido de inquérito feito pela PF para investigar a suposta participação de Pimentel no escândalo.[


Primeira-dama
A primeira-dama de Minas Gerais, Carolina Oliveira, divulgou nota nesta quinta-feira (25) criticando a ação de busca e apreensão na casa dela, em Brasília, pela Polícia Federal no dia 29 de maio, na primeira fase da operação “Acrônimo”.
Disse também que nesta quinta-feira houve divulgação indevida de informações relacionadas à empresa Oli Comunicação. A PF aponta que o negócio funcionava em local cadastrado em nome da PP&I Participações Patrimoniais e Imobiliárias, empresa que está sob investigação.


Carolina argumentou que foi comprovado à Justiça Federal que a empresa funcionou regularmente entre 2012 e 2014.


R$ 12 mil reais foi o valor da estadia de pimentel e da primeira-dama em hotel de luxo na Península de Maraú, na Bahia


Bené começou a ser investigado após seu avião ter sido apreendido em 2014, durante a campanha, com R$ 116 mil
“Tudo isso é muito grave. O Judiciário foi prudente neste momento” Antônio Carlos de Almeida Castro, ao criticar pedido da PF para buscas no Palácio da Liberdade e na residência de Pimentel
Advogado