Araçuaí cobra providências para combater a violência
A ampliação do número de policiais no município e o policiamento em áreas rurais e escolas foram algumas reivindicações apresentadas em audiência .Moradores apontam o tráfico de drogas como principal causa do aumento da criminalidade no município.
Moradores, líderes comunitários e autoridades de Araçuaí (Vale do Jequitinhonha) demandam a ampliação do número de policiais no município, uma unidade local do plantão regional da Polícia Civil, mais uma vara da Justiça e policiamento em áreas rurais e escolas.
As reivindicações foram apresentadas na audiência que a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na cidade nesta segunda-feira (15/6/15).
Requerida pelos deputados Doutor Jean Freire (PT) e João Alberto (PMDB), a audiência contou com a presença de lideranças de entidades sociais, estudantes de escolas públicas e autoridades de diversos municípios da região, como Itinga, Turmalina, Jenipapo de Minas, Francisco Badaró, Salinas, José Gonçalves de Minas, Comercinho e Coronel Murta.
Os participantes da audiência ainda destacaram a necessidade de ampliar a confiabilidade da polícia e de políticas públicas para combater o tráfico de drogas, apontado como a principal causa do crescimento da violência na região.
A necessidade de instalação de casas de recuperação e outras ações sociais para apoiar usuários de drogas, bem como de ações voltadas para crianças em situação de vulnerabilidade, também foram enfatizados em depoimentos da população. Outra reivindicação é a instalação de câmeras de segurança nas ruas, para dar mais tranquilidade aos comerciantes.
Tráfico de drogas
- O alto índice de crimes decorrentes do uso e tráfico de drogas é uma das principais preocupações da população local. “O crack e a maconha estão se tornando mais consumidos do que o álcool pelos jovens. É preciso inserir essa discussão nos currículos escolares e pensar politicas públicas para combater também a disparidade social entre as regiões do Estado, pois a falta de desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha favorece o aumento da violência”, alertou o coordenador da Comunidade Terapêutica Viva Livre, Jean Carlo de Souza Mendonça.
Professores da Escola Estadual Industrial São José, onde teriam ocorrido 23 delitos entre dezembro de 2014 e abril deste ano, entregaram à comissão um documento de reivindicações.
Uma das professoras, Licélia Pereira, foi vítima de violência praticada por um ex-aluno, que atualmente seria usuário de crack. "Precisamos de providências para conter a violência no ambiente escolar”, cobrou. Outros professores também relataram saques às escolas, principalmente à noite e nos finais de semana, o que deixaria as instituições sem materiais essenciais ao trabalho.
Fracasso de projetos
O jornalista Sérgio Vasconcelos pediu investigação sobre projetos desenvolvidos com recursos dos governos federais e estadual no município e que não funcionam.
Ele citou o Complexo Frutaboa que seria utilizado para processamento de frutas e que se encontra abandonado, além da usina de reciclagem de lixo, uma escola de lapidação e o projeto de criação de tilápias." Nada funciona por incompetência dos governantes. Juntos eles poderiam estar gerando emprego e renda principalmente para jovens", lamentou o jornalista que pediu ainda a revitalização da região conhecida como Baixada, no centro histórico da cidade e que, segundo ele, é onde acontece a maioria do tráfico de drogas e armas e consumo do crack.
Houve ainda depoimentos de moradores da zona rural relatando furtos de animais e solicitando mais policiamento.
Plantão de polícia em Pedra Azul agrava problemas
O prefeito de Araçuaí, Armando Jardim Paixão, criticou a situação precária das forças de segurança pública no município. “Já tivemos dois delegados e dez detetives na Polícia Civil; hoje não temos nenhum delegado e apenas dois detetives na cidade”, lamentou. Ele também defendeu a criação de uma unidade local do plantão regionalizado da Polícia Civil, tendo em vista que, para registrar boletins de ocorrência aos finais de semana, a Polícia Militar precisa se deslocar até Pedra Azul, a 185 quilômetros de distância.
O comandante da 15ª Região da Polícia Militar em Teófilo Otoni, coronel Aroldo Pinheiro de Araújo, também apontou o plantão regionalizado da Polícia Civil como agravante para esse quadro. “O deslocamento até Pedra Azul - 370 quilômetros de ida e volta - deixa Araçuaí desguarnecida de policiais”, ilustrou. Como medida paliativa, ele informou que vai avaliar a possibilidade de deslocar policiais de Itaobim e Teófilo Otoni para reforçar as abordagens a criminosos reincidentes em Araçuaí.
Deputados vão cobrar providências
O deputado Doutor Jean Freire defendeu a união de esforços para resolver os problemas apontados pela população de Araçuaí. Ele defendeu a necessidade de melhorias na estrutura das Polícias Civil e Militar. “É inadimissível não haver um delegado na cidade. Esta é uma necessidade urgente e, assim como a melhoria do efetivo da Polícia Militar, não pode esperar”, completou.
O deputado João Alberto também destacou sua preocupação com o aumento dos índices de criminalidade e com a falta de estrutura policial em Araçuaí. “É preciso construir soluções que possam dar mais tranquilidade às famílias de Araçuaí”, defendeu.
Para o presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), o plantão regionalizado da Polícia Civil em Pedra Azul prejudica a população de Araçuaí. Dirigindo-se aos estudantes na plateia, ele alertou para a relação entre consumo das drogas e aumento da violência. “Vocês, jovens, são agentes de transformação, por isso é tão importante que participem e compreendam a responsabilidade que têm nesta questão”, afirmou.
Por fim, o presidente da comissão colocou em votação uma série de requerimentos, assinados pelos três deputados presentes, cobrando de diversas autoridades providências para os problemas apresentados na reunião.