Avião que caiu em BH iria buscar passageiros em Capelinha
Aeronave pertencia a empresário Ricardo Tavares e estava com em situação regular, segundo a Anac
Três pessoas morreram na queda de uma avião bimotor na rua São Sebastião, no bairro Minaslândia, região Norte de Belo Horizonte, na tarde deste domingo (7).De acordo com o Corpo de Bombeiros, todos os mortos estavam no avião.
Uma das vítimas era Gustavo Toledo, de 38 anos, que é membro da Polícia Civil. Segundo o coordenador do Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil, Ramon Sandoli, a corporação vai instaurar inquérito para investigar a queda do veículo.
Sandoli disse à reportagem que Toledo era um ótimo policial e trabalhava no hangar da polícia no plantão patrimonial
O outro tripulante do avião é Emerson Tomazine de 43 anos, natural de São Paulo. A polícia ainda não sabe se era ele ou Toledo que pilotava o avião no momento do acidente. Já o terceiro tripulante foi identificado como Carlos Eduardo de Abreu, que não teve a idade divulgada.
Os três corpos já foram localizados e encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML). O coronel da Aeronáutica, Francisco Donizette, esteve no local do acidente e informou que o órgão tem até 90 dias para dar um parecer sobre a queda da aeronave.
Na rua onde houve o acidente, três casas foram totalmente interditadas pela Defesa Civil e uma parcialmente interditada, todas por causa do risco de desabamento.
Empresário era dono de avião
O avião pertencia a Ricardo Tavares, empresário e fundador da holding Montesanto Tavares (que detém nove empresas em nove municípios e é ex-dona das marcas Café Três Corações e Suco Mais, dentre outras). O empresário não estava dentro da aeronave – ele seria buscado pelo veículo em sua fazenda em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha.
Segundo o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos), o veículo estava a serviço da Atlântica Exportação e Importação.
A empresa informa, em seu site, que é uma das dez maiores exportadoras de café em grão verde do Brasil. Na noite deste domingo (7) técnicos do Seripa III (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos) se deslocavam do Rio de Janeiro para Minas Gerais para assumir a investigação das causas do acidente.
Parentes das vítimas
Familiares das vítimas chegaram ao local do acidente no início da noite. A mulher do piloto não quis falar sobre o acidente. Já o filho de Ricardo Tavares, identificado apenas como Leonardo, confirmou que a aeronave é da família. Ele disse apenas que o veículo estava regularizado e não quis dar mais informações.
Um funcionário do hangar de onde o avião decolou contou que o veículo iria primeiro a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, onde ele ia deixar o tripulante, e só depois seguiria para Capelinha.
A moradora da casa atingida, com cerca de 45 anos e não identificada, ficou ferida e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel (SAMU) para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, sem ferimentos graves.
Na residência mora um casal e, no momento do acidente, o homem conseguiu sair e não ficou ferido. A mulher se queimou com o fogo do avião. O veículo caiu na garagem da residência e atingiu parte da cozinha, provocando dois focos de incêndio, que foram apagados.
A retirada dos corpos começou por volta das 18h30 deste domingo. Familiares e amigos das vítimas acompanham os trabalhos.
Testemunhas
De acordo com o sargento Juarez de Paula, do 13º Batalhão, os mortos do avião foram carbonizados. Ele conta que uma viatura fazia patrulhamento pela avenida Cristiano Machado quando viu o o avião manobrando e logo em seguida viu ele caindo. Os militares seguiram a fumaça e foram até o local do acidente.
O morador de uma das residências interditadas, José Mafort Knupp, de 73 anos, contou que estava no quintal de casa quando viu o avião vindo na direção da sua casa. Ele chamou a mulher que estava em casa e o enteado e eles deixaram o local.
Depois da queda, eles ainda tiraram um botijão de gás que estava na residência com medo de explosão. Eles mesmos começaram a apagar o fogo com a ajuda de vizinhos.
Um morador próximo à residência atingida contou que o avião começou a perder força e, ao invés de subir, começou a cair. "Parece que o piloto ainda tentou fazer alguma manobra, porque ele virou o avião, mas logo depois ele caiu", contou Isac Alves, de 21 anos.
O pintor Nelson da Paz, 51, estava de moto na esquina onde aconteceu o acidente quando viu que o avião começou a descer em parafuso e caiu fazendo um barulho muito forte.
Logo em seguida veio a fumaça preta. Morador do bairro há 48 anos, ele conta que já é a terceira aeronave que cai lá. Como no último caso, ele também se dispôs a socorrer as vítimas desta vez. "Os vizinhos quebraram o muro no fundo do imóvel onde o avião caiu para entrar, mas as labaredas começaram a crescer", disse.