A greve dos bancários mantém mais da metade das agências do país fechadas, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (2) pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

De acordo com a entidade, os bancários fecharam 11.156 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em 26 estados e no Distrito Federal nesta quarta. Com isso, a greve, que começou na última quinta-feira (19), atinge 51,9% das agências, considerando 21.500 agências no país.

Segundo a Contraf, o Comando Nacional dos Bancários vai se reunir nesta quinta-feira em São Paulo para avaliar a segunda semana de paralisação e "tomar medidas visando ampliar o movimento e assim forçar os bancos a apresentarem uma nova proposta".

A enitdade diz que a greve cresceu 81,5% desde o primeiro dia (19), quando 6.145 postos foram fechados.

Greve
Os bancários aprovaram a paralisação por tempo indeterminado em assembleias realizadas em todo o país no dia 12 de setembro. Os bancos apresentaram a única proposta no dia 5 de setembro, diz a Contraf.

A categoria quer reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação), Participação nos Lucros e Resultado (PLR) de três salários mais R$ 5.553,15 e piso de R$ 2.860. Pede, ainda, fim de metas abusivas e de assédio moral que, segundo a confederação, adoece os bancários.

O que os bancos oferecem
De acordo com a Contraf, a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) é de reajuste de 6,1% (inflação do período pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc). A proposta e de PLR de 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado), além de parcela adicional da PLR de 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88.

A Febraban diz que será mantida a mesma fórmula de participação nos lucros, com correção dos valores fixos e de tetos em 6,1%. Com isso, o piso salarial para bancários que exercem a função de caixa passará para R$ 2.182,36 para jornadas de seis horas. Entre outros benefícios, estão previstos reajuste do auxílio refeição, que sobe para R$ 22,77 por dia; a cesta alimentação passa para R$ 390,36 por mês, além da 13ª cesta no mesmo valor e auxílio-creche mensal de R$ 324,89 por filho até 6 anos.

Entrada de agência bancária vira 'porta do inferno' (Foto: Luíza Andrade/G1)Entrada de agência bancária vira 'porta do inferno'
(Foto: Luíza Andrade/G1)


Retirada de benefícios

A Febraban lembra que os aposentados, que começaram a receber no último dia 24 os benefícios de setembro, podem retirá-los na rede de caixas eletrônicos ou em outras agências do mesmo banco.

Para sacar no caixa eletrônico é preciso inserir na máquina e digitar a senha, pressionar a opção “saque” e escolher o valor que deseja sacar. A entidade recomenda que aposentados com dificuldade de usar o terminal eletrônico sejam acompanhados por pessoas conhecidas ou parentes. Os pedidos de ajuda só devem ser feitos a funcionários identificados do banco, nunca a pessoas estranhas.

Os caixas têm limite de saque diurno variável conforme instituição financeira e saques noturnos limitados a R$ 300,00.


Orientações

O Procon-SP avisa que a greve não desobriga o consumidor de pagar as contas em dia, mas diz que a empresa credora tem a obrigação de oferecer outras formas e locais para que os pagamentos sejam efetuados.

A orientação é entrar em contato com a empresa para saber quais são as formas e locais de pagamento como internet, sede da empresa, casas lotéricas e código de barras para pagamento nos caixas eletrônicos. O pedido deve ser documentado (via e-mail ou número de protocolo de atendimento, por exemplo) para permtir a reclamação aos órgãos de defesa do consumidor, caso não seja atendido.

O consumidor não deve adquirir, sem conhecer em detalhes, pacote de serviços oferecidos por bancos, voltados a facilitar a quitação dos débitos durante a greve.

Para o diretor executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, a greve é um risco previsto nas atividades de uma instituição financeira, portanto, ela é responsável por possíveis prejuízos causados ao consumidor com a paralisação.