O Ministério do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome (MDS) vai rever a situação de famílias do Vale do Jequitinhonha inscritas no Programa Bolsa Família que, por causa do aumento da inflação, não estão conseguindo comprar comida para o mês inteiro, passando por necessidades.

A medida foi anunciada pelo secretário extraordinário para Superação da Extrema Pobreza do MDS, Tiago Falcão, após reportagem do Estado de Minas, publicada no domingo, que mostrou situação de penúria de beneficiários do Bolsa Família no Jequitinhonha: diante do aumento do custo de vida, especialmente da conta de luz, eles estão precisando recorrer à ajuda de vizinhos para conseguir alimentar as suas famílias.

Tiago Falcão disse que não está previsto “aumento generalizado” para o programa, que tem 13,9 milhões de beneficiários em todo território nacional e envolve um total de pagamentos de R$ 2,3 bilhões mensais. Porém, ressaltou que as atuais regras do programa permitem que seja feito reajuste do valor recebido pelo beneficiário quando for observada a necessidade de retirada da pessoa da condição de “pobreza severa”.

 
“Em relação à situação do Jequitinhonha, segundo ele, deverá ser feito um novo diagnóstico na região. “Vamos verificar a situação das famílias (...). Se a pessoa não tiver outra fonte de renda, além do Bolsa Família, como relatado em alguns casos, tem que ser atualizado o cadastro dessas famílias, para que elas tenham renda compatível que permita a saída da severidade da pobreza descrita”, afirmou. O objetivo é garantir que cada pessoa tem uma renda mínima de R$ 77,00.


O aumento do custo de vida dificulta a vida de beneficiários do Bolsa Família também em outras áreas pobres do estado. É o caso de Ana Célia Soares Gomes, de 48 anos, mãe de nove filhos, que vive num barraco numa área carente de Montes Claros (Norte de Minas). “As coisas só estão piorando, eu recebia R$ 400 do Bolsa família. Agora, sou estou recebendo R$ 250,00 e as contas estão subindo todo mês. O preço da comida também sobe. Tudo sobe. Estou passando sufoco para sobreviver”, disse Ana Célia. Ela informou que o marido  trabalha como servente,  mas ganha pouco. “Precisamos muito da ajuda do governo”, diz a mulher.


A professora de Economia Nora, da Fundação Getulio Vargas Raquel Zygielszyper lembra que o governo reajustou os benefícios do Bolsa Família em 10% em 2014, o que representou ganho real, mas observa que “a escalada da inflação continuou e esse ganho já foi corroído”.