Adolescentes são enterrados em Itinga sob dor e revolta
Eles morreram afogados no rio Jequitinhonha na tarde de domingo.Antes de seguirem para o rio, eles estavam participando de um pequeno torneio de futsal entre amigos.
Dor, tristeza, indignação, revolta e homenagens marcaram o sepultamento dos três adolescentes que morreram afogados no rio Jequitinhonha,na cidade de Itinga, no Vale do Jequitinhonha, na tarde de domingo (4).
Eles foram sepultados no final da tarde e início da noite desta segunda-feira (5) no cemitério Mário Uzan.
O primeiro a ser sepultado, às 16h, foi Alan Luiz Pereira , de 15 anos. Ele foi encontrado cerca de 40 minutos após ter se afogado. O garoto chegou a ser socorrido por uma equipe do SAMU mas não resistiu e faleceu ao dar entrada na Policlínica da cidade.
Em seguida, por volta das 18h, Diogo Figueiredo Pereira, de 14 anos e o primo dele, Ícaro Alves de Sousa, também de 14 anos às 20h.
Amigos, colegas e familiares, se somaram às centenas de pessoas da cidade, que acompanharam os cortejos fúnebres.
"Uma tragédia para nossa cidade”, desabafou o prefeito Adhemar Marcos Filho .
Familiares dos adolescentes estão indignados, porque, segundo eles, houve demora por parte do Corpo de Bombeiros em iniciar as buscas.
Quem participou das buscas e encontrou os corpos foram amigos e familiares. "Foi uma dor muito grande”, contou o serralheiro Gislando Alves de Jesus, 48 anos, o Galego, tio de Ícaro e Diogo, que participou das operações de resgate.
A equipe do Corpo de Bombeiros de Teófilo Otoni, a 220 km de Itinga, chegou à cidade no dia seguinte, por volta das 10 da manhã, quando o segundo corpo há havia sido encontrado.
O último a ser localizado foi Diogo Figueiredo, que estava boiando a cerca de 1 km do local do acidente.
Revolta
"Assim que o fato aconteceu acionamos a corporação. Foi angustiante toda esta espera. Só temos que agradecer aos amigos que nos ajudaram no resgate”, disse a dona de casa, Angela Maria Alves de Figueiredo, mãe de um dos adolescentes.
A falta de médico de plantão na Policlinica também revoltou os familiares dos adolescentes.
Os médicos pediram demissão no final do ano e até o momento ainda não encontramos outros profissionais”, informou o prefeito.
Logo que um dos adolescentes deu entrada na Policlinica, um médico foi acionado e atendeu o paciente que já chegou sem vida”, disse um técnico de enfermagem que auxiliou nos primeiros socorros.
Os familiares cobram das autoridades, a instalação de placas indicando o perigo para banhistas no local em que os adolescentes morreram, a cerca de 300 metros abaixo da ponte principal da cidade.
O músico e atual diretor de Limpeza Pública do município, José Maria da Silva, defende o treinamento de pessoas do lugar pelo Corpo de Bombeiros , para se transformarem em socorristas de emergência.