Maioria dos jogadores de futebol é boia-fria, diz atleta
"Eu represento este triste momento do futebol brasileiro”. Assim o jogador Ruy Bueno, conhecido como Ruy Cabeção, definiu o estágio de desorganização, descrédito e gestão ineficiente do esporte favorito dos brasileiros. Ele participou do painel "Gestão e Governança", dentro do Ciclo de Debates Muda Futebol Brasileiro - Desafios de uma Renovação, na tarde desta segunda-feira (24/11/14). O evento, realizado desde a manhã no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi solicitado pelo deputado João Leite (PSDB), também ex-goleiro do Clube Atlético Mineiro. O painel "Gestão e Governança" foi coordenado pelo deputado Mário Henrique Caixa (PCdoB).
Ruy Bueno atualmente joga no Operário Futebol Clube, equipe da segunda divisão do campeonato do Mato Grosso e da Série D do Campeonato Brasileiro. Ele já atuou em grandes equipes do futebol nacional, como América, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense, e é membro do Bom Senso Futebol Clube, movimento de jogadores profissionais que busca melhorias na gestão desse esporte.
O jogador revelou que não imaginava que o futebol chegaria a esse momento crítico, e a experiência que teve nos últimos dois anos no Operário fez aumentar sua descrença. “O produto que é vendido para a população brasileira é mentiroso. Poucas pessoas sabem que a maior parte do que é tratado com os jogadores, principalmente das divisões inferiores, não é cumprido”, desabafou.
Segundo ele, de janeiro a maio de cada ano, cerca de 640 clubes disputam competições no País, principalmente os campeonatos estaduais. “Após esse período, apenas 186 clubes ficam em atividade, o que provoca o desemprego de 16 mil atletas”, afirmou.
Ele destacou que apenas 13% dos jogadores de futebol conseguem receber bons salários - os 87% restantes seriam “boias-frias”. Cabeção reclamou também que, nos últimos 24 meses trabalhados, só conseguiu receber nove, e para isso teve que recorrer à Justiça. “Hoje me considero um jogador amador. Só consigo me manter porque tenho minhas reservas. Se fosse só com futebol, não conseguiria manter meu padrão de vida”, lamentou.