Parque Estadual da Serra Negra completa 15 anos de criação
Unidade de Conservação em Itamarandiba, no Alto Jequitinhonha, completa 15 anos. Parque Estadual é de vital importância para as bacias do rio Jequitinhonha e Doce.
O Serra Negra, unidade de conservação localizada em Itamarandiba, no Alto Jequitinhonha, completa, neste mês, 15 anos desde sua criação pelo Decreto n. 39.907, de 22 de setembro de 1998. O Parque ocupa uma área superior a 13 mil hectares na Cadeia da Serra do Espinhaço, reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura-UNESCO, como uma das reservas mundiais da biosfera.
Panorâmica do Parque Estadual da Serra Negra/Foto:Gerência do Parque/imagem reproduzida.
De vital importância para as bacias dos rios Jequitinhonha e Doce, o Serra Negra integra o Mosaíco do Espinhaço de unidades de conservação, uma espécie de gestão cooperada entre as gerências e órgãos de proteção das unidades para integrar atividades e permitir maior comunicação entre as áreas protegidas.
Em recente matéria, a conceituada revista Ecológico o adjetivou como “Serra Negra Cinematográfica”, e não poderia ser diferente, já que a imponente beleza natural do lugar é mesmo espetacular. A altitude no principal ponto de visita chega a 1.581 metros e o trajeto mais reportado pelos visitantes é marcado pela árvore símbolo do parque, a Canela-de- Ema, que na unidade chegam a atingir 4 metros de altura, daí ser conhecido como a " Terra das Canelas- de- Ema Gigantes”.
E não é apenas a beleza cênica ou paisagística do Parque que revela sua importância, o local abriga dezenas de nascentes de grande e médio porte catalogadas e importantes fragmentos da Mata Atlântica, do Cerrado e de Campos Rupestres, além de ser uma zona de rico endemismo, ou seja, há espécies, principalmente vegetais, que só existem naquele local.
Recentes pesquisas revelam que o Serra Negra se converteu em um grande refúgio para a vida silvestre, sendo o nicho ecológico de várias espécies animais ameaçadas de extinção, a exemplo, do Lobo-Guará e do Puma (Suçuarana), numa região que sofre fortemente com a pressão antrópica, ou seja, pela ação humana, sobretudo pela atividade agropecuária e por sua proximidade a uma das maiores regiões reflorestadoras, senão a primeira, da América Latina. Desde os anos 70, a ocupação do cerrado nas grandes chapadas pela silvicultura tem implicado numa maior concentração das atividade agropecuárias e extrativistas na porção leste do município, onde se encontra o Serra Negra.
Puma fotografado a partir de armadilhas fotográficas. Foto:Gerência do Parque/imagem reproduzida.
A participação de ativistas da cidade à época de sua criação foi fundamental na articulação e elaboração de vídeos e documentações. Nestes 15 anos, o ano de 2007 de longe tenha sido o mais drástico para a unidade de conservação. Na estação seca daquele ano, um incêndio de grandes proporções varreu boa parte do Parque deixando um rastro de destruição, mas também deixou um novo substrato para que a vida pudesse aos poucos ir se recompondo.
A riqueza ambiental no Parque Estadual da Serra Negra. Foto: Gerência do Parque-imagem reproduzida.
Atualmente, a parte do processo de demarcação de seus limites e dos procedimentos desapropriatórios acompanhados por reiteradas denúncias de violação a direitos humanos de moradores que se encontram no interior da unidade e/ou zonas de amortecimento, percebe-se que o parque tem recebido gradativamente uma maior atenção por parte da Secretaria de Estado de Meio Ambiente-SEMAD, ainda que as necessidades de gestão seguem a implicar maiores recursos em infra-estrutura e suporte ao turista.
A unidade ganhou uma gerência ativa e é apoiada de perto pela Agência Avançada do Instituto Estadual de Florestas-IEF de Itamarandiba e, juntos, têm desenvolvido importante trabalho, destacadamente na educação ambiental em comunidades rurais e escolares no perímetro do parque; na formação de brigada de bombeiros voluntários; treinamentos na prevenção de incêndios; implantação de vigilância motorizada; blitzes educativas em rodovias próximas e na cidade de Itamarandiba; intervenções na sinalização com a afixação de placas de conscientização ambiental e indicativas de pontos de especial interesse de visitação; a construção de espaços como mirante e trilhas ecológicas; maior controle na visitação no local conhecido como “Pico da Serra Negra”, além da divulgação da unidade de conservação e cooperação em pesquisas científicas, dentre outras ações.
Equipe de servidores do IEF num treinamento, em Itamarandiba-MG. Foto: Gerência do Parque. Imagem reproduzida.
A Serra das Esmeraldas que serviu de bússola às aspirações do bandeirante Fernão Dias Pais, agora Serra Negra, ainda é pouca conhecida, até mesmo por parte dos itamarandibanos, mas aos poucos a cidade vai reconhecendo a rica importância do lugar e o nome do parque já ajuda a formatar uma nova identidade comercial na cidade ligada a preocupação com a preservação ambiental. De estabelecimentos comerciais como hotéis e lojas agropecuárias e até mesmo em empreendimentos imobiliários, o Serra Negra já é um nome comum para as novas gerações.
O Serra Negra a partir das imediações da cidade de Itamarandiba. O seu nome se deve a aparência escura quando visto de longe. Imagem: Pedro Afonso.
A bem da verdade, nesta década, a importância de seu potencial hídrico, a que dependente comumente as zonas rurais, passou a afigurar-se com maior relevo para a zona urbana, onde concentra-se 70% da população do município de 33.800 habitantes, já que o abastecimento da sede municipal agora também é alimentado pelas águas do rio Itamarandiba que, por sua vez, tem suas principais nascentes na região do Serra Negra. Preservá-los, mais do que nunca, se tornou condição de possibilidade para o curso da vida e o sucesso da economia do município.
Refúgio da fauna, o Lobo-Guará é facilmente avistado no Parque. Foto: Gerência do Parque/Imagem reproduzida.
Apesar de ser considerada uma unidade fechada à visitação, o Parque tem recebido turistas, pesquisadores e estudantes. A inexistência de uma melhor infra-estrutura de suporte ao turista e as pressões antrópicas são alguns dos desafios da unidade de conservação.
O parque recebe visitações durante todo o ano e as visitas devem ser agendadas previamente junto à administração da unidade. A sede administrativa da Gerência do Parque funciona de 08:30 às 17:30 horas ( domingo a domingo) e pode ser contatada pelos telefones (38) 3521-2312 e (31) 9107-7642. No endereço rua Tiradentes, n.308, no centro de Itamarandiba, ou através dos endereços eletrônicos: [email protected] e [email protected]. O leitor poderá conhecer mais sobre o Parque através da página de sua gerência na rede social clicando aqui.
Os créditos do vídeo são do programa Viagem Digital.