UMA AVALIAÇÃO DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL
Economista Evandro Miranda (*)
A vitória do Senador Aécio Neves, em São Paulo, onde obteve cerca de 10,2 milhões de votos, foi decisiva para assegurar seu passaporte para o segundo turno.
Em Minas Gerais, não obstante a Presidente Dilma tenha obtido 43,5% dos votos, o percentual do candidato Aécio Neves não ficou distante disto, tendo alcançado 39,8%, o que também foi decisivo para colocá-lo em 1º lugar na região Sudeste, onde alcançou 36,5% dos votos.
O senador mineiro também ganhou o pleito na região Sul, com 48% dos votos, tendo sido alavancado pelos resultados alcançados no Paraná e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, o resultado foi, relativamente, equilibrado entre a Presidente Dilma (43,2%) e o candidato do PSDB (41,4%).
Na região Centro-Oeste, o Senador Aécio Neves foi o vencedor em todas as unidades federativas, alcançando cerca de 41% dos votos.
Nas regiões Nordeste e Norte, por sua vez, a Presidente Dilma manteve seu favoritismo, alcançando 59,4% e 44,6% dos votos, respectivamente. Aí, onde os programas assistenciais têm forte peso, residem a âncora da presidente e as dificuldades do candidato tucano.
Vale destacar que a candidata Marina Silva angariou 21,3% dos votos no Nordeste, em ampla medida, obtidos em Pernambuco, onde sagrou-se a vencedora. Este resultado foi, fortemente, influenciado pela figura do ex Governador Eduardo Campos, vítima do trágico acidente durante a campanha eleitoral.
Isto torna o apoio de Marina Silva e do PSB decisivos para o candidato tucano ampliar seu desempenho no Nordeste, onde obteve apenas 17% dos votos, percentual substancialmente inferior ao alcançado pela Presidente Dilma.
A nível nacional, confrontando-se os votos situacionistas (41,6%) com aqueles obtidos pelos dois candidatos mais bem votados da oposição, configura-se clara tendência de mudança, que tem vindo à tona desde as manifestações de junho de 2013.
De fato, os candidatos Aécio (33,6%) e Marina (21,3%) juntos alcançaram 54,9% dos votos no primeiro turno, o que não é uma garantia de vitória para as oposições. Em que pese não haver transferência automática de votos, é fato que os 22,2 milhões de eleitores de Marina Silva serão o fiel da balança no segundo turno.
O apoio mais provável dela e da coligação liderada pelo PSB ao Senador Aécio Neves estará condicionado a uma ação programática, que será ancorada em sustentabilidade; fortalecimento da democracia, aí, incluindo o fim da reeleição; e o compromisso com a preservação de conquistas econômicas e sociais. São teses que podem ser incorporadas ao programa de uma frente sob a liderança do PSDB.
Vale dizer, no entanto, que o segundo turno é outra eleição, com uma dinâmica totalmente diferente. A par de outras questões, seguramente, o tema econômico será um dos motores da campanha.
A Presidente Dilma focará nos resultados alcançados ao longo dos 12 anos do PT na Presidência da República, enquanto o candidato Aécio Neves deverá pautar o debate em cima dos 4 anos do mandato da candidata presidente com a qual estará se confrontando.
A exemplo do primeiro turno, tudo indica que o pleito de 26 de outubro será ainda mais eletrizante. Vamos acompanhar e participar desta festa democrática.
(*) Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e Pós-Graduado em Didática de Ensino Superior (UNEB-DF). É Analista Financeiro do SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados e ex Coordenador-Geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda