Comunidades de Almenara, Rubim e Mata Verde recebem investimentos de R$3,5 milhões por meio de programa de acesso a água
O Instituto Pauline Reichstul, entidade sem fins lucrativos com escritório em Almenara, é responsável pela coordenação do projeto da ASA na região
O Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que é uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), vai beneficiar 303 famílias do Baixo Jequitinhonha. O Instituto Pauline Reichstul (IPR) é quem representa a ASA e coordena as atividades em Almenara, Mata Verde e Rubim. Ao todo, serão investidos R$3,5 milhões na construção de 150 cisternas-calçadão, 116 cisternas-enxurrada, 4 barragens subterrâneas e 33 barreiros trincheira, até 2015. A quantia também será utilizada para a capacitação da população local para implantação dessas tecnologias sociais.
Nesta semana, a entidade inicia a realização dos cursos de Gerenciamento de Água para Produção de Alimentos (Gapa) e de Sistema Simplificado de Manejo de Água para Produção (Sisma), no município de Rubim, a 36 km de Almenara. “Durante seis dias, as famílias cadastradas aprenderão como construir e cultivar canteiros econômicos e assim potencializarem o uso da água na produção, como fazer defensivos alternativos, ou seja, como garantir a qualidade dos alimentos seguindo os preceitos da agroecologia”, explica o coordenador do IPR em Almenara, Reginaldo Almeida. Além das tecnologias sociais e das capacitações, a família ainda é contemplada com mudas de árvores frutíferas, sementes variadas e material para a plantação de hortaliças.
As tecnologias de captação de água para produção levam de 2 a 15 dias para ficarem prontas, conforme o tipo de cada uma. Com o auxílio de técnicos, as famílias escolhem o local de implantação em sua propriedade e, em contrapartida, formam mutirões para ajudar na serventia dos pedreiros. A entidade local representante da ASA, no caso, o IPR, realiza a formação de pedreiros na comunidade para a construção. Em Almenara, serão 10, ao todo.
“A participação e envolvimento da família na construção e no manejo da tecnologia são de extrema importância. Apenas construir não é o bastante. É necessário que os agricultores e as agricultoras se responsabilizem pela manutenção, a fim de terem uma boa produção de alimentos em diversidade e qualidade”, reforça.
Sobre o P1+2
O objetivo do P1+2 é fomentar a construção de processos participativos de desenvolvimento rural no Semiárido brasileiro e promover a soberania, a segurança alimentar e nutricional e a geração de emprego e renda às famílias agricultoras, por meio do acesso e manejo sustentáveis da terra e da água para produção de alimentos. O 1 da sigla representa terra para produção. O 2 corresponde a dois tipos de água: a potável, para consumo humano, e água para produção de alimentos. A primeira água é conquistada com a implantação da cisterna de placas, com capacidade de armazenamento de até 16 mil litros. Por sua vez, a segunda água é captada por meio de variadas tecnologias, que vão desde a cisterna-calçadão, com capacidade para armazenar 52 mil litros, até a barreiro trincheira, que comporta 500 mil litros.
Em Almenara e região, o projeto teve início em maio de 2014 e tem previsão de finalização em abril de 2015. “Durante mais de dois meses, nossa equipe de animadores de campo vem realizando visitas diárias com o intuito de apresentar o projeto, mobilizar as comunidades e cadastrar as famílias interessadas em se apropriar das tecnologias sociais para convivência com o Semiárido”, conta Reginaldo.
Entre os critérios de seleção das famílias atendidas pelo P1+2, estão: grupos residentes na zona rural; núcleos familiares com acesso à água para consumo humano - a exemplo das cisternas do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA; mulheres chefes de família; grupos familiares com crianças de 0 a 6 anos de idade, crianças e adolescentes frequentando a escola, adultos com idade igual ou superior a 65 anos, pessoas com deficiência. Além disso, as características de solos, o tipo de rocha, a localização, a lógica de produção e as formas de manejo também são requisitos observados no processo de escolha das famílias e no tipo de tecnologia que mais se adequa a cada realidade.
Como se tornar um beneficiado
Em todos os municípios de atuação da ASA são formadas Comissões Municipais, compostas por entidades da sociedade civil, tais como: sindicatos de trabalhadores rurais, associações comunitárias, igrejas católicas e evangélicas, grupos de jovens, entre outros. Portanto, é a comunidade, reunida em assembleia, que define as famílias que serão beneficiadas, a partir dos critérios mencionados. A equipe do IPR se compromete com a mobilização desses atores sociais e com a capacitação para a implementação das tecnologias.
Sobre o IPR
Além da vertente de convivência com o Semiárido, o Instituto Pauline Reichstul tem projetos ancorados nos eixos direitos humanos, economia solidária e desenvolvimento rural sustentável. Desde 1999 contribui para a emancipação econômica, cultural e política das comunidades onde atua. Com sede em Belo Horizonte, também presta consultoria especializada para prefeituras, empresas e órgãos públicos, voltada à elaboração de políticas públicas e de projetos de responsabilidade social. Em Almenara, o escritório está localizado à Rua Lívio Frois Otoni, nº 621, bairro Santo Antônio. O IPR também está presente em Medina e Novo Cruzeiro, no Médio Jequitinhonha, e em Januária, no Norte de Minas.