Confronto sério à vista, Globo revoltada com a CBF
A emissora dona do monopólio do futebol no país não aceita a volta de Dunga à Seleção.
Para bom entendedor, uma última mensagem no Fantástico vale muita coisa. A Globo fez questão de avisar. Dunga, o novo treinador da Seleção, teve 85% de rejeição na pesquisa que a emissora fez com seu público. E fez questão de divulgá-la com destaque. Ou seja. O ressentimento ainda não acabou.
Marin e Marco Polo não terão o apoio da rede de televisão que detém o monopólio do futebol e da Seleção no país. O prejuízo com o vexame na Copa do Mundo foi palpável para a emissora. Havia várias campanhas publicitárias engatilhadas com um eventual título.
A derrota afeta também os campeonatos internos. Nos Brasileiros da Série A e da Série B, de propriedade da emissora. Que os mostra na tevê aberta e a cabo, na Sportv. O clima de ressaca com a derrota do Brasil é generalizado.
Executivos da Globo sonhavam com uma revolução depois de Felipão. A contratação de um executivo com trânsito internacional como Leonardo. E a aposta em um técnico estrangeiro. De renome. Guardiola, Mourinho, Jürgen Klopp. Até o argentino Sampaoli que comanda o Chile.
A Globo esperava e queria uma revolução. Daria novo ânimo para o futebol, produto que assume como seu.
A confirmação de Gilmar Rinaldi já abalou a relação com Marin e Marco Polo. Foi um balde de água fria. Por mais idôneo que Rinaldi seja, e é, colocar um empresário para tomar conta de todas as seleções é simbólico. Inaceitável. Mas o melhor estava reservado para o nome do técnico.
Nunca um treinador havia rompido com a Globo como Dunga. Ele enfrentou o então presidente Ricardo Teixeira em plena Copa da África do Sul. Ele havia encarcerado a Seleção em um clube de golfe. Proibido o acesso dos jornalistas. E as entrevistas mesmo nas folgas.
A 'proibição aos jornalistas' quis e atingiu em cheio o coração da Globo. A emissora foi quem sempre se beneficiou de privilégios na cobertura da Seleção. Mesmo o disciplinador Felipão teve de se dobrar ao acordo entre Marin e Globo. E engoliu Luciano Huck e Mumuzinho atrapalhando coletivos. Bruna Marquezine, Juliana Paes, Carolina Dieckmann na concentração durante a Copa do Mundo.
O então presidente Ricardo Teixeira ficou histérico com a proibição. O executivo responsável pela Globo Esportes, departamento que engloba todo o futebol da emissora, exigiu que a CBF agisse. Teixeira mandou que Dunga cedesse e abrisse a concentração para a Globo. O técnico negou e até ameaçou abandonar o cargo em plena Copa.