Fome, 14 horas de trabalho e alojamento de lona: homens em situação análoga à escravidão são resgatados em carvoaria de MG
Ação foi de força-tarefa do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho Emprego e da Polícia Rodoviária Federal. Nas barracas de lona onde estavam, os trabalhadores encontraram animais peçonhentos com frequência e afirmaram que passavam fome três vezes por semana.
Dois trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados em uma carvoaria em Guimarânia, no Alto Paranaíba. O resgate foi feito por uma força tarefa do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na segunda-feira (9).
Segundo o MPT, as vítimas afirmaram que as jornadas de trabalho eram exaustivas, chegando a 14 horas intensos. As condições de trabalho eram degradantes, uma vez que os alojamentos eram barracas de lona, a alimentação insuficiente e a água não potável.
Foi registrada, ainda, servidão por dívida, uma vez que descontos salariais irregulares eram feitos pelo dono da carvoaria. O registro de trabalho forçado também foi feito, pois os trabalhadores permaneceram em condições impróprias contra a vontade por receio de não receber o pagamento.
“Os dois trabalhadores, oriundos de Montes Claros, cumpriam jornada das 5h30 até 18h, todos os dias da semana. Não tiveram as carteiras de trabalho assinadas, estavam trabalhando há mais de 30 dias e não haviam recebido salário. As despesas com o transporte deles de Montes Claros até Guimarânia e a alimentação seriam descontados”, disse o procurador do Trabalho, Hermano Martins Domingues.
Ainda segundo o MPT, os trabalhadores passavam fome pelo menos três vezes por semana e estavam há mais de três dias comendo só arroz e feijão.
Segundo os auditores fiscais Deusdedit Rodrigues e Gustavo Pereira, nos alojamentos as condições eram precárias.
"Eles não tinham acesso a água potável e a alimentos em quantidade suficiente. Abrigados sob lonas, não tinham acesso a banheiro nem chuveiro. Dentro do abrigo encontravam animais peçonhentos, como escorpião, cobra, rato”.
Na frente de trabalho também não havia condições de segurança, com os dois homens operando um trator e uma motosserra sem treinamento para as atividades e sem equipamentos de proteção individual.
Conforme a força-tarefa, o empregador foi notificado para fazer o pagamento dos salários, verbas rescisórias, formalização dos contratos de trabalho e custeio de passagens de volta à cidade de origem. As barracas de lona usadas como alojamentos foram interditadas.
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