ELON MUSK FICOU PRA TRÁS. CHINA E BRASIL PERTO DE FECHAR ALIANÇA PRA EXPLORAR O VALE DO LÍTIO
No final de junho de 2023, durante um evento do setor de eletrificação em Las Vegas, Stu Crow, presidente da Lake Resources, alertou para um descompasso entre a demanda global por carros elétricos e a atual capacidade de produção de lítio.
No final de junho de 2023, durante um evento do setor de eletrificação em Las Vegas, Stu Crow, presidente da Lake Resources, alertou para um descompasso entre a demanda global por carros elétricos e a atual capacidade de produção de lítio. O metal, atualmente um dos mais usados do planeta na fabricação de componentes eletrônicos, é matéria-prima importante para as baterias de carros movidos por esse tipo de energia — não por acaso, o lítio também conhecido como “ouro branco” ou o “petróleo do século 21” devido a sua versatilidade.
De acordo com a Tupinambá Energia, as baterias de íons lítio são as mais comuns, principalmente porque possuem maior ciclo de vida e não demandam manutenções. Em parte, isso explica o movimento de empresas chinesas rumo à América do Sul, em especial a países como Brasil e Chile. O país andino é o maior produtor de lítio do mundo, responsável por 37,9% do volume, e junto com Argentina e Bolívia forma o chamado “Triângulo do Lítio”. Mas, no ranking de países, a Austrália vem em segundo lugar, com 36,5%, seguida por China, com 11,3%.
O Brasil, de acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, tem 1,2% da produção global e vem ampliando esse percentual desde 2012. Ao anunciar, em julho, o interesse na compra da fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, Stella Li, vice-presidente da chinesa BYD, ressaltou a importância da região para a exploração do metal e ressaltou, inclusive, investimentos direcionados a esse fim. “Neste momento, temos uma equipe de engenharia na região, em especial no Chile, para estudos de viabilidade e seleção do local”, disse Stella. A BYD pretende investir quase US$ 300 milhões nesse projeto.
Lítio brasileiro
Mas e o Brasil? Em entrevista a Forbes Brasil, nesta terça-feira (15), na sede da companhia, em Shenzhen, na China, Stella também destacou o potencial do país em relação à matéria-prima. “Já identificamos, por exemplo, a capacidade de Minas Gerais em produzir o minério e também estamos considerando a viabilidade de contar com o Brasil neste sentido. Não só baseado em nossos esforços, mas também considerando parcerias locais”, disse a executiva.
Em maio deste ano, o Governo de Minas Gerais lançou o projeto Vale do Lítio. Direto de Nova York, especificamente na Nasdaq, Romeu Zema, governador do estado, apresentou o projeto econômico cujo objetivo é desenvolver cidades do Nordeste e Norte do estado em torno da cadeira produtiva do lítio. O Vale do Lítio reúne 14 municípios: Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Virgem da Lapa, Teófilo Otoni e Turmalina, no Nordeste de Minas, e Rubelita e Salinas, no Norte mineiro.
“O Vale do Lítio tem condições de ser um dos principais polos mundiais de fabricação e de desenvolvimento de tecnologias nesse setor. Estamos prontos para auxiliar os investidores com todas as informações disponíveis para que tragam seus projetos para Minas Gerais e aproveitem essa oportunidade de negócio”, disse o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, à Agência Minas na época do lançamento do projeto.
A América do Sul, e não somente o Chile, mas outros países como Bolívia, já estiveram na mira de empresas como Tesla e Elon Musk. Em julho de 2022, quando visitou o Brasil, apesar de ter direcionado o foco para investimentos na Amazônia, o bilionário chamou a atenção pelo interesse da Tesla em reservas de lítio na região. Além disso, no passado, Musk já havia feito declarações polêmicas sobre a região.
Os Estados Unidos, em seu documento de estratégia de materiais críticos do Departamento de Energia, apontaram o lítio como a primeira dentre as 16 matérias-primas consideradas fundamentais para a transição energética.
*De Shenzhen, na China