Em discurso de campanha para presidência da Câmara, vencida por Arthur Lira (PP-AL), o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) comentou que parlamentares são tratados como 'boiada' e que eles precisam mudar a forma de fazer política. Ele rejeitou a distinção entre “alto clero” e “baixo clero” e disse que todos os deputados são representantes legítimos do povo.

"Muitos líderes de bancadas estão convencidos que podem nos conduzir como se  conduz uma boiada. E se continuar nessa toada, o povo que nos elegeu não terá outro caminho, senão nos jogar no abatedouro nas próximas eleições. E muitos ficarão por lá", disse Fábio Ramalho.



A fala da 'boiada' foi logo após Fábio Ramalho reclamar de falta de acesso dos deputados a ministros do governo Bolsonaro. O parlamentar também criticou a falta de diálogo do Planalto com o Congresso.

Ele criticou a postura de governadores, que não conversam com as bancadas, e líderes que concentram poderes em poucos. “Temos deputados que ganham R$ 100 milhões em emendas e outros tem direito a R$ 300 milhões. Isso está errado”, disse Ramalho, criticando o poder dos relatores sobre a Lei Orçamentária.

O deputado também defendeu a vacinação e criticou pautas liberais como a autonomia do Banco Central. Segundo ele, essa autonomia deixaria o real “na mão dos banqueiros”. “O povo brasileiro quer vacina, o povo brasileiro quer comida”. Ele disse ainda que é preciso fortalecer a voz dos deputados na definição da pauta de votações.

“Não há espaço para disputas de ego enquanto os pais perdem os filhos; não há espaço para briga entre entes federativos enquanto falta oxigênio nos hospitais; não há espaço para crendice quando podemos confiar na ciência; não há espaço para discursos vazios enquanto homens e mulheres da nossa nação estão desempregados”, disse.