A Polícia Civil de Minas Gerais falou, nesta terça-feira (26), sobre o caso da jovem, de 20 anos, presa suspeita de matar a filha de 6 meses. A mãe foi detida na noite dessa segunda-feira (25), em Governador Valadares (MG), após a Polícia Civil conseguir informações de que a suspeita poderia fugir para o Espírito Santo.

Segundo a delegada Daniely Muniz, a autora disse que estava dormindo e a bebê começou a chorar, porque estava engasgando.

“Ela narra em um primeiro momento que, em razão do choro contínuo da criança, ela a levou para um cômodo externo ao quarto e teria acalentado a criança no sentido de que a criança estava tendo um episódio de engasgo. Então, apenas narra que apalpou as costas da criança para efetivar uma situação de desengasgar, mas a gente sabe que a situação não é essa”, explicou.

Ainda de acordo com a delegada, a jovem disse que era uma mãe zelosa e que nunca havia agredido a filha.

“Não há compatibilidade entre a versão que ela apresenta, de que era uma mãe zelosa, de que ela era uma mãe que nunca tinha deflagrado nenhuma espécie de agressão contra a filha dela, com os achados clínicos observados pelo médico-legista, pois o número de lesões é extenso”, contou.

Daniely ainda destacou que o que chamou a atenção da equipe policial foi a sua frieza com a morte da filha.

“A genitora, em momento algum, em razão da tragédia familiar a que ela estava submetida, demonstrou alguma tristeza, um desespero, que são situações esperadas quando uma mãe perde a filha. Em momento nenhum ela chorou, ela simplesmente ficou alheia à situação”, disse.

Bebê chegou morta ao hospital

O laudo do Instituto Médico Legal de Governador Valadares indicou que a criança já chegou morta no hospital. Segundo o delegado Márdio Bento Costa, a criança morreu na casa de um homem que a mãe estava tendo um relacionamento há 2 meses.

Vizinhos disseram que o namorado da suspeita foi quem buscou socorro para a bebê e a mãe demonstrou frieza. O homem foi ouvido e está solto. A polícia investiga se ele tem participação no crime.

“As informações colhidas lá foram que o namorado demonstrava certo desespero e pediu ajuda a vizinhos. Já a mãe, mesmo naquele momento, ela demonstrava frieza, como se nada tivesse acontecendo”, contou.

O delegado ainda explicou que o médico não atestou o óbito no Hospital Municipal, pois entendeu que havia lesões e acionou o IML. O laudo também indicou que a bebê já vinha sofrendo agressões físicas há algum tempo e que as marcas não tinham características de um acidente.

“A criança foi para o Instituto Médico Legal, e aí foi lavrada a ocorrência policial e foi instaurado o inquérito. Em um tempo muito curto, a Polícia Civil conseguiu apurar e, na própria sexta-feira (22), a doutora Daniely, que é titular da investigação, já representou ao Poder Judiciário”, explicou.

A Polícia Civil ainda vai ouvir outras pessoas da família para investigar o caso. A mãe da bebê deve ser indiciada por homicídio qualificado, e se condenada pode pegar até 40 anos de prisão.

“Está sendo tratado como homicídio, inclusive homicídio qualificado, em razão da tenra idade da vítima e em razão das circunstâncias, porque o legista constatou, de fato, que havia sinais de que essa criança estava sendo seviciada”, explicou Daniely.

A delegada ainda pontuou que o laudo do IML apontou várias lesões na bebê de 6 meses, inclusive de traumatismo craniano e no fígado.

“As lesões que foram evidenciadas pelo médico-legista são escoriações, algumas equimoses, uma lesão que é compatível com o traumatismo cranioencefálico e uma lesão de fígado, na região do abdômen da criança”, explicou a delegada Daniely.

Entenda o caso

A suspeita foi ouvida pela Polícia Civil na manhã de sexta-feira (22), junto com um homem com quem ela mantém uma relação extraconjugal. O marido dela está preso por tráfico de drogas.

O amante disse à polícia que a jovem estava na casa dele com a vítima e outra filha de 2 anos, que, agora, está com os avós paternos. Em um certo momento, a bebê estava na cama e começou a chorar. Ele a pegou e levou para a mãe.

Logo depois, a mulher foi com a criança para o lado de fora da casa e, após alguns minutos, voltou com ela já desacordada. Segundo informações de testemunhas, a mãe levou a bebê para o hospital para tentar reanimá-la.

Nas redes sociais, a jovem disse que não matou a filha e que estava sendo julgada à toa. Após a publicação, ela desativou o perfil.