Depois da greve dos tanqueiros, na semana passada, promover uma corrida aos postos de combustíveis, os consumidores de Belo Horizonte começaram a semana com mais uma notícia que vai impactar diretamente no bolso do trabalhador. A Petrobras anunciou que vai reajustar mais uma vez, a partir desta terça-feira (26), o preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras. Com a alta, o preço médio de venda da gasolina passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 (alta de 7,04%).

Esse é o segundo reajuste no preço do combustível no mês de outubro. No último dia 09, a gasolina já havia subido 7,2%. Nas bombas dos postos, esse aumento deve ter um impacto de R$ 0,15 por litro, segundo a Petrobras. A mudança não agradou os motoristas da capital mineira, principalmente quem usa o carro para trabalhar.

Depois de pagar R$ 6,68 no litro da gasolina em um posto de combustível, na região da Pampulha, o estofador Marley Chaves, de 47 anos, considera o novo reajuste um absurdo e diz que vai impactar ainda mais no orçamento.“É um absurdo porque somos nós trabalhadores que corremos todo dia atrás de uma vida melhorzinha, então esse aumento é um absurdo. Infelizmente eu preciso de trabalhar com o carro para fazer entrega, orçamento. A gente sempre busca alternativa e tenta economizar, mas infelizmente não tem como mais. Então, realmente vai pesar muito no bolso porque parece que é pouco, mas pra gente faz muito muita diferença. Gasto mais ou menos uns 800 reais por mês com combustível. Com esse aumento, vai chegar perto de R$ 900”, diz.

Para a vendedora Amanda Helena Domingues, de 39 anos, os constantes reajustes do combustível têm pesado muito no orçamento, mesmo ela recebendo uma ajuda de custo da empresa para arcar com parte da gasolina. “Trabalho como vendedora externa, utilizo o carro e preciso do combustível para trabalhar. Está muito pesado, muito caro. Se não tiver uma mudança aí não sei o que vai ser da gente. Gasto mais de R$ 1.000  por mês. Tem pesado muito no orçamento, apesar que a empresa me dá um ajuda de custo, mas mesmo assim tem cinco anos que eu não tenho reajuste (salarial). Não aumenta nem o benefício do combustível, nem o nosso salário”, afirma.

Morador de Contagem, na região metropolitana, o técnico em informática Felipe Vitorino de Oliveira, de 34 anos, conta que parou de abastecer o carro com gasolina e defende que a população deveria protestar contra os aumentos. “Nem uso mais gasolina, é só álcool. Está muito difícil, do jeito que está não dá mais. Acho que todo mundo deveria pelo menos, no país inteiro, se mobilizar e deixar os veículos por uma ou duas semanas (na garagem) em protesto porque não dá mais no bolso da gente, ninguém aguenta”, diz.

Segundo o economista Feliciano Abreu, o novo reajuste anunciado pela Petrobras vai chegar rápido nas bombas, mesmo o consumidor da capital já tendo percebido que houve um aumento nos postos depois da greve dos tanqueiros, na última quinta-feira, dia 21.

“Esse aumento de preço é extremamente preocupante e desagradável para o consumidor de todo o estado de Minas Gerais, mesmo porque a gente já teve um aumento em virtude da greve na semana passada. E esses aumentos, a gente sabe que eles chegam com muita rapidez. Mesmo que alguns postos, depois do aumento da semana passada, podem até ser mais benevolentes e não aumentarem, os outros vão aumentar e vão justificar em virtude do reajuste praticado pela Petrobras. Então, isso vai dificultar muito a vida do consumidor”, diz.

Feliciano ressalta que é importante o consumidor não se acostumar com esses reajustes e tentar, na medida do possível, reduzir o consumo de combustível. “O que a gente pede é pra que o consumidor não acostume e não aceite esses aumentos. E como que ele não aceita? É pesquisando os preços, é deixando de andar de carro para eventos que não tem tanta importância. Mas, se puder reduzir o consumo de combustível, acho que seria a melhor resposta pra todo o setor, o que todo consumidor deve fazer”, orienta o economista. 

Óleo diesel - Já o litro do diesel vai aumentar de R$ 3,06 para R$ 3,34, refletindo um reajuste médio de R$ 0,28 por litro (alta de 9,15%) nas refinarias, sendo que nas bombas esse aumento vai impactar em uma alta de R$ 0,24 por litro. O último aumento havia sido de 8,89%, em 28 de setembro.

No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias, enquanto a gasolina, subiu 73,4% no mesmo período.

“Esses reajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, disse a estatal petrolífera, em nota