Será realizada nesta sexta-feira (22/10) a primeira feira do Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino de Minas Gerais (Pró-Genética / Pró-Fêmeas), em Sabinópolis, no Leste de Minas. O evento, organizado por várias instituições, entre elas a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), será no Parque de Exposição Sebastião Mourão Filho, das 8 às 17h.

Compradores terão a oportunidade de adquirir animais de genética melhorada, que prometem os melhores resultados para quem investe em produtividade. Estarão à disposição Touros PO (Puro de Origem) com RGD (Registro Genealógico Definitivo), inspecionados pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), além de exame andrológico positivo, idade máxima até 42 meses e teste negativo para brucelose e tuberculose.

Programa

O programa de melhoria da Emater-MG tem como objetivo promover o aprimoramento do rebanho bovino do Minas Gerais e, assim, fortalecer as cadeias produtivas de carne e leite. Tornado uma política pública do Estado, é coordenado pela Seapa e executado por suas vinculadas Emater-MG, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O trabalho é feito em parceria com associações de criadores de animais de alta linhagem genética, como a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. Inclui também as prefeituras municipais e instituições privadas como sindicatos de produtores rurais, cooperativas agropecuárias e agentes financeiros.

A proposta é estimular a renovação do rebanho comercial, de pequenos e médios produtores, dando a eles as oportunidades de terem animais de genética superior. Segundo o coordenador técnico estadual de Bovinocultura da Emater-MG, Nauto  Martins,  desde 2006, com a criação do Pró-Genética, houve uma melhoria acentuada da produtividade do rebanho mineiro, tanto de carne, quanto de leite.

“Isso acontece muito em função da melhoria genética. De um modo geral, o produtor familiar não tem acesso a esses animais. Mas o Pró-Genética democratizou o acesso do agricultor familiar ou do pecuarista familiar a esse rebanho de elite de animais, cuja melhoria genética é realizada por produtores especializados. As feiras realizadas no município do produtor familiar têm o custo diminuído, pois o animal está ali próximo”, argumenta.

Martins explica o que compõe a qualidade e a eficiência produtiva dos rebanhos. “São a alimentação, o manejo e a genética. Então se você tiver uma alimentação de qualidade, um manejo bem feito, mas não tiver genética, tudo vai por água abaixo. Da mesma forma, se você tem genética, mas não tem alimentação, não tem manejo, também a genética não é explorada ao máximo”, pontua.

Sabinópolis

Em cada município, Pró-Genética e Pró-Fêmeas são executados por meio de feiras e leilões, promovidos por um arranjo local entre as instituições parceiras. Produtores interessados em adquirir touros e matrizes geneticamente superiores comparecem nestes eventos e negociam diretamente com os criadores/vendedores.

O técnico do escritório local da Emater-MG de Sabinópolis, Júlio César Merlim Gomes, calcula que, no mínimo, 60 produtores do município deverão comparecer à feira para comprar um touro melhorado. “Um dia antes da feira, a gente tem uma palestra de um técnico da ABCZ e creio que deve ter 60 produtores mais ou menos. Esse técnico vai falar da questão da genética e como se escolhe um touro”, conta.

Ainda segundo Júlio, a Emater-MG também está preparada para orientar os produtores interessados em comprar na feira. “Orientamos como ele pode acessar o crédito rural para essa compra, os documentos necessários como, a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), se ele for agricultor familiar, ou o levantamento técnico feito Emater-MG para o produtor não familiar, porque aí o agente financeiro libera de acordo”.

A empresa de assistência técnica e extensão rural também tem todas as condições técnicas de orientar o comprador sobre o ganho genético, de acordo com Merlim. “Se o produtor escolher um reprodutor melhor, ele vai conseguir produzir animais de boa qualidade para o mercado e ter um ganho na comercialização deles”, afirma.

Minas Gerais

Minas Gerais possui, atualmente, o terceiro maior rebanho bovino do Brasil com cerca de 22 milhões de cabeças e o maior rebanho de vacas ordenhadas com cerca de 3,2 milhões de cabeças, ou 19% do rebanho nacional. O estado ainda se destaca como o maior produtor de leite, com participação de 27,1% na produção nacional, produzindo cerca de 9,4 bilhões de litros de leite por ano, de acordo a Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE.

Considerada a variável social, dados do IMA, referentes à primeira etapa de vacinação contra a febre aftosa, em maio de 2020, revelam a existência de 356 mil estabelecimentos rurais que praticam a bovinocultura no estado. A atividade abriga um número expressivo de famílias que trabalham e dependem economicamente dela, sendo uma grande geradora de empregos nos sistemas agroindustriais como, a indústria de lácteos, carnes e couro.

No aspecto econômico, os dados de agosto de 2021, apresentados pela Seapa, mostram que a bovinocultura respondeu por, aproximadamente, R$ 28 bilhões do Valor Bruto de Produção (VPB) da pecuária do Estado. O que corresponde a aproximadamente  26% do VBP de toda a agropecuária de Minas Gerais.

Apesar da pandemia, neste ano foram realizados 29 eventos, sendo 20 leilões (15 virtuais e 5 presenciais), 8 feiras (3 virtuais e 5 presenciais) e um shopping, que é a comercialização na própria fazenda do fornecedor. Nestes eventos foram comercializados um total de 949 animais, sendo 560 machos (51%) e 389 fêmeas (49%), movimentando R$ 20,4 milhões. Já estão chancelados e, portanto, previstos para acontecer até o final de 2021, mais 14 eventos, sendo 8 feiras na modalidade presencial e 6 leilões (3 virtuais e 3 presenciais).