MINAS GERAIS: Sindicato de Escolas se reunirá com governador para discutir volta às aulas
Expectativa da reunião é de que o governador faça uma previsão de retorno das atividades escolares presenciais
A presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis Ávila, vai se reunir nesta terça-feira (25) com membros do Comitê Extraordinário COVID-19 do Estado. O objetivo seria tratar do retorno às aulas, o que ainda é uma incógnita devido à pandemia de coronavírus.
Segundo o sindicato, a expectativa é que o governo estadual, ao menos, dê uma previsão de retorno às atividades presenciais. "O Sinep-MG irá buscar atualização dos dados, propor avanços e orientações. Continuamos mantendo a premissa do cuidado com a saúde e a preservação, em primeiro lugar, da vida", informou.
Em entrevista recente a O TEMPO, Zuleica demonstrou preocupação não só com a educação dos alunos, mas com os empregos nessas instituições, que, sem perspectiva de retorno, acabam demitindo funcionários. “Isso provoca não apenas instabilidade da sobrevivência da escola, mas uma onda de demissões e desemprego. Calcula-se que, na educação infantil, estejam empregadas mais de 10 mil pessoas em escolas particulares de BH”, disse.
A reportagem questionou o governo sobre o assunto desse encontro e mais informações, mas ainda não obteve retorno.
Posição
Por diversas vezes, o governador Romeu Zema (Novo) disse que essa volta só irá acontecer quando os indicadores da pandemia estiveram propícios. No entanto, durante uma entrevista no dia 17 de julho, ele disse que o retorno deve ocorrer ainda no segundo semestre deste ano.
“Não sabemos ainda, mas quero lembrar: é o meu maior anseio que essas aulas voltem o quanto antes. Eu sei que as crianças em casa não estão aprendendo tanto quanto poderiam com aulas presenciais. Queremos fazer isso o quanto antes. O que eu puder fazer para agilizar, com segurança (...) Vamos fazer", explicou Zema.
Desde o início da pandemia de coronavírus, ainda em março, as aulas presenciais foram interrompidas no Estado. Em maio, a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) iniciou a modalidade virtual de aulas, a partir do programa Se Liga na Educação que transmite diariamente pela Rede Minas – TV pública do Estado – aulas para os estudantes mineiros.
Belo Horizonte
O prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD), é ainda mais reticente com relação a esse assunto. Em entrevista à rádio Super no início deste mês, ele contou que não crê em volta às aulas em 2020.
“Não tem previsão alguma de volta às aulas. Estamos dando uma cesta básica por mês para cada criança porque são famílias que precisam daquela merenda. Não vislumbro volta às aulas em 2020”, afirmou o chefe do Executivo municipal.
Riscos
Um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que um retorno precoce das atividades educacionais presenciais em Minas Gerais pode colocar em risco a vida de 1 milhão de pessoas – são aquelas com idades entre 20 e 59 anos e que possuem comorbidades como doenças cardíacas e pulmonares ou diabetes e os idosos com mais de 60 anos e que convivem com crianças.
A análise baseada na Pesquisa Nacional de Saúde feita em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstra que 1.025.518 mineiros incluídos nesses grupos de risco moram com crianças e adolescentes com idades entre 3 e 17 anos, justamente a faixa que ainda está em idade escolar.
Uma preocupação levantada pelo relatório da Fiocruz é que, com a retomada das atividades escolares presenciais, o aumento também do tráfego de pessoas nas ruas. As crianças que precisarão comparecer às escolas podem acabar infectadas e, mesmo assintomáticas, transmitir a doença para familiares que sofrem de problemas cardíacos e pulmonares ou diabetes ou ainda para os idosos que moram com elas.