Pesquisadores da Faculdade de Medicina (Famed) e do Instituto de Geografia (IG) da Universidade Federal Uberlândia (UFU) analisaram a vulnerabilidade dos 853 municípios mineiros com relação à pandemia de coronavírus. Eles chegaram à conclusão que as cidades pequenas são as mais suscetíveis à doença. 

Para chegar a esse resultado, foi realizado um estudo epidemiológico baseado na Análise de Decisão Multicritério (MCDA), utilizando 23 indicadores com alguma relação com o processo de adoecimento e morte causada pela Covid-19. Eles foram selecionados por uma revisão de literatura e categorizados em: demográfico, social, econômico, infraestrutura de saúde, população em risco e epidemiológica. 

Os números foram coletados nas bases de dados do governo federal em nível municipal e avaliados de acordo com o MCDA, por meio do Programa de Apoio à Tomada de Decisão com base em Indicadores (PRADIN). Com base nisso, o estudo realizou simulações por categoria de indicadores e uma simulação geral, que permitiu dividir os municípios em grupos de 1 a 5, sendo 1 o menos vulnerável e 5 o mais vulnerável. 

Resultados 

O estudo indicou que a mesorregião do Norte de Minas se destaca com mais de 40% de seus municípios pertencentes ao grupo 5, conforme indicadores de infraestrutura econômica, social e de saúde. Similarmente, a mesorregião do Jequitinhonha teve quase 60% dos municípios desse grupo para indicadores de infraestrutura econômica e de saúde. 

Com relação aos critérios demográficos e epidemiológicos, a mesorregião metropolitana de Belo Horizonte é a mais vulnerável, com 42,9% e 26,7% dos municípios no grupo 5, respectivamente, principalmente devido ao grande número de casos e de mortos por coronavírus a cada mil habitantes. Sobre o indicador de população em risco, a Zona da Mata registrou 42,3% dos municípios no grupo mais vulnerável. 

Considerando o conjunto dos indicadores, as mesorregiões do Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce foram as mais vulneráveis no Estado. "Assim, por meio do perfil delineado, o presente estudo comprovou como a diversidade socioeconômica afeta a vulnerabilidade dos municípios em enfrentar o surto de Covid-19, destacando a necessidade de intervenções direcionadas a cada realidade", consta no estudo. 

Dos 705 municípios mineiros com menos de 25 mil habitantes, 308 estão entre os mais vulneráveis para o enfrentamento da pandemia, observando-se o conjunto de todos os indicadores. 

Também se conclui que a mesorregião do Triângulo e Alto Paranaíba são as que têm menor vulnerabilidade geral. "Nós temos uma infraestrutura de saúde, demográfica e econômica que é mais favorável quando comparada com outras regiões", afirma o coordenador do estudo, professor Stefan Vilges de Oliveira, do Departamento de Saúde Coletiva da Famed/UFU. 

Ainda de acordo com ele, esse tipo de análise deve ajudar os governos na aplicabilidade de políticas públicas e sanitárias. "Os gestores de saúde devem utilizar de novos indicadores para aprimorar as políticas de prevenção, controle e assistência a casos da Covid-19 no estado de Minas Gerais. Essas políticas devem ser regionalizadas, levando em conta os diferentes determinantes de saúde, adoecimento e cuidado que cada município apresenta", afirma. 

Casos 

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas Gerais tem 113.718 casos confirmados de coronavírus e 2.461 óbitos em decorrência da doença. Apenas 60 cidades mineiras ainda não registraram casos de Covid-19.