CORONAVÍRUS: Quilombolas reclamam da falta de assistência do governo estadual
Moradores dessas comunidades relatam estar sofrendo com a falta de trabalho durante a pandemia, já que a maioria das pessoas que vivem nelas é autônoma
Moradores de comunidades quilombolas, em Minas, reclamam de falta de apoio durante a pandemia. A maioria das pessoas, que vivem nestes locais, trabalha como autônoma e está sofrendo com a falta de trabalho.
Comunidades quilombolas já são, historicamente, locais de resistência. Elas são formadas por populações descendentes e remanescentes por escravizados fugitivos. As dificuldades ao longo dos anos, fez desta população um povo forte. Porém, se o isolamento social sempre foi uma realidade vivida por essas comunidades, esse distanciamento obrigatório imposto pela Covid-19, fez com que esses povoados se sentissem quase invisíveis.
No vale do Jequitinhonha, na comunidade Catitu do Meio, a dona Edite reclama da falta de assistência do estado neste momento de pandemia. Só pra se ter uma ideia, a água em algumas casas no Catitu do Meio, é suja e pode colocar a vida das pessoas em risco.
“Não temos recurso nenhum. As vezes não vem uma cesta, mas não chegou para todo mundo”, afirma dona edite.
Queixa bem parecida com o Francisco, que não sabe o que fazer para sustentar os sete filhos.
“Eu não tenho salário nenhum e não podemos sair. Falta até comida para a gente", relatou Francisco.
De acordo com a Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais, o nosso estado tem cerca de 800 comunidades registradas. Boa parte delas é autossuficiente, porque produzem quase tudo que consomem. Porém, um quarto das comunidades quilombolas viram suas situações piorar depois da Covid-19.
“De imediato as comunidades precisam de produtos alimentícios e produtos de higiene”, afirmou Jesus Araújo, presidente da Federação.
Na comunidade Chacrinha dos Pretos, que fica entre a Serra da Moeda e a dos Mascates, a cerca de 80 km de Belo Horizonte, o medo devido à falta de orientação, se junta a sensação de abandono por parte do governo, como relata Maria Aparecida Dias, representante da comunidade.
“Não recebemos uma cesta básica, um vale gás. Cadê os direitos dos quilombolas”, afirmou a representante.
Desde 2003, já existe um decreto federal para regulamentação do procedimento para titulação territorial das comunidades quilombolas. Mas, em Minas Gerais, esse processo nunca aconteceu.
O que diz o Governo Estadual
O Governo de Minas informou que prestou atendimento a 5 mil famílias de comunidades tradicionais do estado, distribuindo cestas básicas para povos quilombolas, indígenas, ciganos e circenses.
Ainda segundo o governo, estão sendo articuladas outras ações para atendimento integral de todas as famílias de povos tradicionais em situação de vulnerabilidade.