Conhecimento e conservação, duas palavras-chave que definem o atual projeto: Primatas do Jequitinhonha. Uma iniciativa interinstitucional que visa aumentar o conhecimento sobre os primatas que vivem na região, impulsionar pesquisas, especialmente sobre aqueles ameaçados de extinção, além de envolver a sociedade e as UCs em sua preservação. O programa está previsto para iniciar suas atividades no primeiro semestre deste ano, tendo ações planejadas até 2020.

A iniciativa está alinhada a importantes processos do ICMBio, como o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-de-coleira e o Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade em Unidades de Conservação. A proposta é conhecer melhor a diversidade dos animais na região do Jequitinhonha, devido a distribuição ainda incerta acerca das espécies, além de saber exatamente onde estão as ameaçadas e o estado de conservação. Leandro Jerusalinsky, coordenador do CPB (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros) destaca a importância do envolvimento social para o desenvolvimento das ações. “Uma premissa deste trabalho é o envolvimento das comunidades locais, sem as quais é impossível promover a conservação da biodiversidade de forma sustentada em longo prazo. Por fim, pretende-se garantir a sobrevivência de primatas, destacando a importância do Vale do Jequitinhonha para a conservação da espécie no Brasil, e ressaltar o orgulho que todos do local devem ter pela presença dessa riqueza única nas florestas que ainda existem ali”, revela.

Ucs contempladas

A reserva Biológica da Mata Escura é a primeira Unidade de Conservação (UC) a participar do programa, uma vez que está localizada nos municípios de Jequitinhonha e Almenara, em Minas Gerais. Além disso a reserva abriga populações de dois primatas em perigo de extinção, o barbado-vermelho, Alouatta guariba guariba, o muriqui-do-norte, Brachyteles hypoxanthus e o macaco-prego-do-peito-amarelo, Sapajus xanthosternos. “A ideia de estruturar um projeto para a conservação desses animais na Rebio Mata Escura começou há alguns anos, por meio de conversas entre a gestão da UC, o CPB e parceiros como o MIB (Muriqui Instituto de Biodiversidade), a partir da compreensão de que essa é uma área da mais alta prioridade para a conservação de primatas no Brasil e no mundo, considerando que é a única unidade de proteção integral na Mata Atlântica a abrigar duas espécies criticamente ameaçadas. As conversas foram avançando, fomos pensando nas formas de viabilizar esta proposta e identificando potenciais parceiros”, conta Leandro Jerusalinsky. Ainda segundo ele outras UCs serão contempladas, como o Parque Nacional do Alto Cariri.

O projeto já se encontra com um planejamento de atividades para serem desenvolvidas e a equipe ainda trabalha na estruturação básica, como na articulação dos recursos financeiros e suportes institucionais necessários. O plano é ir a campo e começar a produção de materiais informativos ainda no primeiro semestre deste ano. A iniciativa tem apoio da Coordenação Regional 11, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros - CPB, com a coordenação técnico-científica do programa, além de instituições parcerias, como a ONG Muriqui Instituto de Biodiversidade - MIB, a empresa Anglo American, que está apoiando ações da Operação Primatas e a Associação de Ex Brigadistas da Rebio Mata Escura.