Os gatos, assim como os cachorros, necessitam de todo cuidado do tutor para que tenham uma vida saudável e duradoura. Fugindo do ditado das sete vidas, os felinos podem apresentar diversas complicações que as vezes estão relacionadas a outras doenças. É o caso da Síndrome de Pandora que tem muita semelhança com problemas urinários comuns, mas precisa de uma atenção redobrada do tutor para identificá-la.

A doença é bem parecida com a cistite humana (infecção bacteriana na bexiga), como explica a veterinária Natália Dos Santos. “São várias anormalidades que acontecem que levam o animal a desenvolver a cistite. Normalmente essa cistite é idiopática, multi-fatorial e os pesquisadores falam que ela é psico neuro imuno mediada. Ou seja, tem fatores imunológicos e neurológicos envolvidos nessa síndrome, que é a inflamação do trato urinário inferior”, afirmou a médica.

Apesar de ter nomenclatura nova, a doença já vem sendo estudada desde o início dos anos 70 e, ao longo desses anos, recebeu diversos nomes pelos pesquisadores. De acordo com a veterinária, o maior empecilho da Síndrome de Pandora é a identificação. “Como a doença é multifatorial – ou seja, não há uma causa primária -, desconhecida e apresenta sinais clínicos muito comuns a doenças inflamatórias do trato inferior, se o clínico não tiver um olhar bom, ele acaba confundindo”, explicou.

Para acompanhar uma vida saudável do gato, é necessário que o animalzinho tenha sempre água por perto, uma alimentação rica em proteínas, além de diversão e higiene adequada para evitar o estresse, que causa a inflamação na vesícula urinária. A veterinária explica que a síndrome pode atingir gatos de 1 a 10 anos e é necessário o tutor estar atento às mudanças de comportamento. “O gato muda o hábito. Ele começa a urinar fora da caixa em locais não habituais, ter dor ao urinar, vai várias vezes à caixa de areia fazer xixi e não sai a quantidade habitual de urina, esse animal também pode apresentar sangue na urina” disse.

Foi assim com o gatinho Frajola, de 5 anos. A tutora Singred Soares percebeu a mudança de hábitos e descobriu que ele estava com a doença. “Acordei um dia e vi que ele estava fazendo xixi fora da caixa, fez no tapete da cozinha, achei estranho mas na hora não pensei que fosse sério e fui trabalhar. Quando cheguei do trabalho, meu esposo e eu vimos ele fazer xixi novamente fora da caixa e ele viu que o xixi saiu vermelho, com gotinhas de sangue”, contou a tutora.

Singred diz que levou o gato imediatamente ao veterinário que o internou para exames e foi diagnóstico com Síndrome de Pandora. Ela conta que nunca tinha ouvido falar na doença e o Frajola está fazendo o tratamento.

Segundo a veterinária, a taxa de incidência dessa síndrome nos gatos é alta. “Cerca de 65% da população felina ou apresentou ou vai apresentar essa doença, que tem alto teor de reaparecimento. Então, os animais que precisam passar por um tratamento que não é convencional, tem que ter enriquecimento ambiental para gastar a energia dele, sair do status de ‘estresse’ porque a reincidência chega a ser de 30 a 50%”.

Ela explica que o gato que não for tratado pode acabar morrendo porque a bexiga vai inflamando e pode levar a obstrução por cálculo ureteral. Esse cálculo impedirá que a urina do gatinha saía, fazendo com que ele absorva metabólicos tóxicos e resultando em morte.