Preço do feijão dispara no Norte de Minas
O ano de 2019 começou com falta de chuvas no Norte de Minas e, com a seca, a safra de feijão foi prejudicada, com a produção abaixo do esperado. O resultado é a elevação do preço do produto, que chega ao dobro do valor nos supermercados da região.
De acordo com o produtor de grãos em Unaí, Marcos Antônio Mendes Teixeira, a alta dos preços se deu pela queda da safra do maior produtor, Paraná. Depois disso, outros grandes produtores começaram a ter baixas na produção, entre eles Goiás e Minas Gerais.
A safra de verão, período de colheita dos grãos, acontece entre janeiro e fevereiro, sendo que os produtores colhem duas safras ao ano. Com o baixo estoque, a safra de verão do produtor Marcos Antônio já foi 75% vendida. Deste percentual, 45% da safra foram vendidas já no começo do mês de janeiro. A saca deste período foi vendida entre R$ 120,00 a R$ 180,00 a unidade. Com o aumento do período, a saca final do feijão chegou a ser vendida a R$ 400,00.
Oferta e demanda
De acordo em com o economista e professor, André Mori, quando existe uma grande produção e pouca demanda do produto, o preço cai, de forma que seja vendido e não sobre nas prateleiras. A inflação de 2019 que elevou o preço do feijão, ocorre quando tem uma produção pequena e uma grande procura.
No caso específico do feijão, segundo Mori, o problema ocorre na safra. “A safra de feijão para 2019 sofreu uma queda de produção, ou seja, diminuiu a oferta de feijão no mercado. Com isso, automaticamente, para regular o consumo, o preço acaba aumentando pela falta do produto e a alta demanda de consumo”, afirma.
Isso aconteceu também com o arroz, que teve uma diminuição na safra e acabou consequentemente no aumento do produto. Porém, em comparação com o feijão, como explica Mori, o arroz não sofreu tanto o aumento do preço, apesar da diminuição da produção.
“No Mercosul, nós temos outros países que também têm condição de produzir o arroz e produzi-lo em excesso. Já o feijão não é fácil de encontrar no Mercosul. Quando tem um produto que mesmo não tendo condições de países vizinhos suprirem essa demanda, acaba vindo de outras regiões, com preço maior, inclusive do custo. Essas consequências acabam aumentando o custo do feijão”, destaca o economista.
Comércio
Os comerciantes e pequenos produtores também sentem no dia-a-dia do comércio o aumento dos grãos. Um dos comerciantes mais antigos do Mercado Central de Montes Claros, Sandoval dos Passos, reclama que do preço do produto, mas garante que os consumidores continuam assíduos no seu comércio. “A gente sobe um pouco o preço, porque quando vamos comprar dos produtores também está alto. Mas aí, quando diminui, eu abaixo o preço para o consumidor. É só para não faltar mesmo que eu compro. Para deixar o cliente satisfeito”, pontua.
De acordo com a experiência no comércio de grãos, Sandoval conta que esse preço demorará em torno de três meses para voltar à situação normal. “Agora esse preço vai permanecer por uns três meses, porque os produtores estão plantando. Até crescer e colher, demora esse tempo. Então o jeito é esperar até o preço voltar ao normal”, afirma o comerciante de grãos.
Como o grão é um item indispensável na mesa do consumidor, ele tem feito algumas trocas. O feijão carioquinha, que subiu 19,76% em janeiro, tem sido substituído nos lares norte-mineiros pelo feijão preto. Muito comum no estado do Rio de Janeiro, o feijão preto está com metade do preço do tradicional.
Para voltar o preço normal do feijão, espera-se que depois do período chuvoso a oscilação estabilize, o que deve acontecer entre julho e outubro.