Engenheira morta em rompimento de barragem em Brumadinho é sepultada em Governador Valadares
Corpo de Izabela Barroso, de 30 anos, foi encontrado oito dias após o rompimento da barragem da mineradora Vale; cortejo com corpo passou pelas principais ruas do Centro de Valadares.
Foi sepultada no início da tarde desta segunda-feira (4) o corpo de Izabela Barroso, engenheira que foi uma das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho. O sepultamento foi realizado em Governador Valadares, cidade natal da engenheira. O corpo de Izabela atravessou as principais ruas do Centro da cidade em cortejo funerário sobre um caminhão do Corpo de Bombeiros.
Poder sepultar Izabela na cidade onde ela nasceu, e onde vive a família, era algo considerado essencial para os parentes da engenheira. “A família ficou mais em paz. Porque agora podemos dar o sepultamento mais digno. Ela nunca vai ser sepultada do nosso coração, mas o corpo precisava ter um enterro mais digno”, comentou Homero Magalhães, padrinho de Izabela.
O corpo da engenheira foi identificado na tarde desse sábado (2) entre as vítimas da tragédia com a barragem da mineradora Vale. Segundo a família da vítima, a identidade foi confirmada através das digitais, no IML de Belo Horizonte. Izabela era engenheira de minas e trabalhava na Vale há cinco anos. Ela havia sido transferida para a Mina do Feijão, em Brumadinho, há pouco mais de quatro meses.
Sonho interrompido
Cunhada de Izabela, Ana Angélica Bernardo Câmara, revelou que a engenheira tinha como sonho trabalhar na mineradora. “Convivi com a Izabela em torno de 16 anos, metade da vida dela. Vi a transformação de uma menina em uma mulher, comprometida com os propósitos dela. Extremamente estudiosa, dedicada, adorava o que fazia e sonhava em trabalhar na Vale, entrar nessa empresa, que acho que a gente pode dizer sem medo de errar, não teve o devido zelo com seus empregados e com as pessoas que morava ao redor de onde ela operava. E isso é lamentável”.
Questionados sobre a postura que a família vai tomar em relação a empresa Vale, o irmão da engenheira, Gustavo Câmara foi sucinto: “Primeiro nós vamos fechar esse ciclo e depois nós vamos brigar, agora não”.
Em depoimento ao G1, Gustavo condenou o local onde a irmã trabalhava e falou em crime por parte da empresa. "A Vale cometeu um crime, aquilo não é um desastre. Desastre é terremoto, é maremoto, é furacão, aquilo não é desastre. Você construir uma barragem sobre a cabeça de 800 funcionários e pedir que eles trabalhem debaixo dessa barragem, isso é crime”, disse no dia 28 de janeiro.