Eles dizem que, desde a tragédia, a rotina é a mesma: ir diariamente à Central de Informações para verificar possíveis atualizações. Mas à medida que o tempo passa, a esperança diminui.

 Antônio Carlos Castro, supervisor de manutenção industrial, que trabalhava como terceirizado na Vale, busca o genro, casado com a filha, e pai de duas crianças de 6 e 2 anos.

“Tenho pouca esperança agora”, disse Castro, sem esconder o desânimo. “Ele era mais do que um genro, era um filho”, completou. “É duro. O cara formar, ter família, e ficar no além.”

De acordo com Castro, a possibilidade de ocorrer um acidente jamais passou pela cabeça de um funcionário seja terceirizado ou da própria Vale. Segundo ele, a empresa era muito severa nos itens de segurança, como luvas, máscaras e calçados. “Ninguém imaginava isso por causa do regime da Vale que é de muita segurança.”

Sepultamento digno

A exemplo de Castro, Adir Fernandes Ribas, técnico terceirizado da Vale, procura informações sobre o irmão, que estava trabalhando no momento do acidente. Ele disse que vai todos os dias em busca de informações, já coletou material de DNA, entregou objetos pessoais do irmão para a equipe responsável e foi até o Instituto Médico-Legal (IML).

“Eu queria ao menos o corpo dele para fazer um sepultamento digno. É isso que eu quero”, desabafou. “É só angústia, tem dias que recebo 200, 300 ligações de amigos, mas até agora nada”, acrescentou. “É muita tristeza”, disse.

Castro e Ribas foram hoje ao posto de cadastro montado pela Vale para inscrição de famílias atingidas pela tragédia. Cada família receberá da empresa o valor de R$ 100 mil por pessoa desaparecida ou morta.