O drama pela busca dos desaparecidos após o rompimento da barragem Mina de Feijão, em Brumadinho atinge a família de Ícaro Douglas Alves, em Ipatinga. Desaparecido desde o dia do rompimento, Ícaro, de 33 anos, trabalhava há quatro meses em Brumadinho, após ficar três anos desempregado. Ele é eletricista e empregado de uma empresa prestadora de serviços para a mineradora Vale.

Segundo o irmão dele, Washington Luciano Alves, o último contato com a família foi pouco antes do rompimento da barragem. Os irmãos haviam combinado de se encontrar em Ipatinga, já que depois do expediente na sexta-feira Ícaro teria folga. “O último contato quem fez foi a esposa, às 11h20. Eu tinha conversado com ele antes, a gente tinha combinado um churrasco, mas esse churrasco infelizmente foi adiado, porque meu irmão ainda não apareceu”.

Com a falta de informações sobre Ícaro, a mãe e o filho são os que mais sofrem. “A minha mãe é de idade, o filho tem 12 anos. A pressão da minha mãe subiu para 22 por 10, tivemos que locomover para o hospital. O filho dele criou revolta, fica dando soco na parede para saber do pai. Quer saber onde o pai se encontra, que era para chegar na sexta-feira e por que ele não chegou. Quer saber o que aconteceu, porque o pai não atende telefone. Como que a gente esconde isso? Passa o noticiário a gente tem que desligar a televisão para a criança não ver. Você fica chorando por dentro, ele percebe. A gente teve que falar que o pai está desaparecido. Ele pergunta: 'desaparecido até quando, tio?'; eu não tenho a resposta para dar para ele”, lamenta Washington Luciano.

Buscas por informações
Nesta terça-feira (30) Washington vai a Brumadinho para tentar buscar notícias sobre Ícaro. “Vamos em busca dessas respostas mais próximas. A gente espera chegar até aqui, mas as respostas não chegam. A gente liga pra lá, eles vão enrolando, falam a mesma coisa todo dia. Não chega a lugar nenhum”, reclama.

Segundo Washington, colegas de trabalho de Ícaro descreveram o que ocorreu no momento do rompimento da barragem. “Pessoas que se encontravam no local na hora do acidente e conseguiram sair de lá. Foi passado para a empresa que se encontrava mais uma pessoa naquele local. Eles conseguiram subir até o terceiro andar, mas meu irmão não tinha conseguido e que ele se encontrava lá. Houve três explosões, depois da terceira explosão não ouviram mais o meu irmão. Depois dessa explosão pode ter projetado algum objeto nele e ele ter vindo a desmaiar ou até mesmo caído e não conseguido mais entrar em contato com o pessoal”, especula.

Apesar de não ter notícias sobre o irmão, Washington acredita que o encontrará com vida. “Eu tenho esperança que meu irmão está vivo. Eu creio. O local que ele trabalha provavelmente a lama não chegou até ele. Então eu tenho esperança que ele se encontra vivo”.