O carrapato que apresenta maior relevância na transmissão da doença pode ser encontrado não apenas em capivaras, como se faz associação constantemente, mas também em equídeos, bovinos, roedores, marsupiais, cães, entre outros animais que estão em ambientes domésticos. Em 2018, foram confirmados 46 casos de febre maculosa em Minas Gerais.

A coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Mariana Gontijo, aponta que ambientes como de matas, rios, cachoeiras e que possuem criação de animais domésticos como cães, cavalos, bem como ambientes com a presença de animais silvestres como capivaras ou gambás são propícios para os carrapatos. A infestação deste vetor aumenta no período dos meses de junho a novembro, quando se observa aumento da densidade da população em forma de ninfas.

O uso de roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados – preferencialmente de cano longo e utilização de meias brancas – são algumas medidas práticas e simples que contribuem para prevenção quando se frequenta ambientes favoráveis à presença de carrapatos. O uso de equipamentos de proteção individual para atividades ocupacionais como capina e limpeza de pastos também é importante. “Se forem verificados carrapatos no corpo, deve-se retirá-los com leves torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas e o esmagamento do animal”, indicou a coordenadora.

Recomenda-se também o uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos em indivíduos que frequentam ambientes favoráveis à presença desses animais. Atenção também em relação às formas de larva e ninfa do carrapato no ambiente. “Tais formas são muito pequenas e de difícil visualização. Por isso tendem a permanecer mais tempo aderidas ao corpo, o que facilita a transmissão da bactéria responsável pela transmissão da doença”, ressaltou Mariana Gontijo.

Além dos cuidados de aspecto individual, também é importante providenciar a utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário, evitando com que animais tão presentes no cotidiano das pessoas fiquem infestados.

Situação em Minas

A febre maculosa em Minas Gerais ocorre em todo o território do Estado, predominantemente nas macrorregiões de saúde Centro, Sudeste, Leste, Oeste e Jequitinhonha. No período compreendido entre os anos de 2008 a 2018, foram confirmados 199 casos da doença em Minas, com a taxa de letalidade média em torno de 42%.

Assim, a vigilância da doença é realizada em todo o estado de Minas Gerais. Além disso, ocorre também a investigação de áreas novas da doença com a pesquisa vetorial por avaliação dos critérios epidemiológicos avaliados em conjunto com os municípios afetados e a Unidade Regional de Saúde a que estão vinculados, ressaltou a coordenadora.

A doença

A febre maculosa é a riquetsiose mais prevalente e conhecida no Brasil. É uma doença infecciosa febril aguda, causada pela bactéria gram negativa Rickettsia rickettsii e transmitida através da picada de carrapatos infectados, considerados vetores e reservatórios da doença. Os carrapatos do gênero Amblyomma são os que apresentam maior relevância na transmissão de bactérias responsáveis pela infecção. Em Minas Gerais, o carrapato da espécie Ambyomma sculptum é o que apresenta maior relevância no ciclo biológico da doença.

É uma doença sistêmica, de início abrupto e sem sintomas específicos, caracterizada principalmente por febre geralmente alta, dores de cabeça, dores musculares intensas, mal estar generalizado, náuseas e vômitos. Isso dificulta a suspeição da doença. A presença de exantemas máculo-papulares (erupções na pele) pode ocorrer entre o segundo e o sexto dia da doença.

 

No entanto, é possível que esses sinais na pele não estejam presentes, o que pode dificultar ou retardar o diagnóstico e tratamento da doença. Diante da suspeita clínica da febre maculosa, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, devido à gravidade da evolução da doença. O início da investigação deve ser imediato, após a notificação, para que as medidas de prevenção e controle sejam adotadas em tempo oportuno.

Principais cuidados para prevenção

- Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados – preferencialmente com cano longo e utilização de meias brancas – ao frequentar ambientes favoráveis à presença de carrapatos, o que facilitará a visualização dos animais;

- Uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos em indivíduos que frequentam ambientes favoráveis à presença dos mesmos;

- Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais de capina e limpeza de pastos;

- Evitar se sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos em atividades de lazer como caminhadas, piqueniques, pescarias, etc;

- Examinar o corpo periodicamente ao frequentar áreas propícias à presença de carrapatos, tendo em vista que quanto mais rápido eles forem retirados do corpo, menor a chance de infecção. Caso sejam verificados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o contato com unhas e o esmagamento do animal;

- Utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário;

- Limpeza e capina periódica de lotes não construídos e áreas públicas com cobertura vegetal;

- Manter vidros e portas fechados em veículos de transporte em áreas com risco de infestação de carrapatos.