Um grande aparato policial foi montado para tentar encontrar integrantes de uma quadrilha especializada em uma modalidade de roubos a banco. O grupo, de ao menos quatro pessoas, sequestrou a tesoureira do Banco Sicoob, localizado em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, e o marido dela, no crime conhecido como “Sapatinho”. A bancária retirou uma quantia em dinheiro da agência e entregou aos criminosos. O marido dela acabou liberado depois de ficar aproximadamente 17 horas sob o poder do bando. Ele e a mulher não sofrerem ferimentos. Nenhum dos bandidos havia sido localizado até a publicação deste texto.

Informações preliminares da Polícia Militar (PM), dão conta que o casal foi abordado na própria residência no fim da tarde de domingo. As vítimas relataram aos militares que foram rendidas por volta das 18h. Os criminosos não agrediram os dois moradores, mas os ameaçaram a todo momento, segundo os relatos. 

Por volta de meia-noite, parte dos criminosos saiu com o marido da mulher da casa. Eles o levaram para um local ainda não divulgado. A mulher recebeu orientações dos bandidos para retirar dinheiro do banco e entregar até 8h. Na manhã desta segunda-feira, a tesoureira foi até a agência e retirou o dinheiro. A informação, ainda não confirmada, é que ela tenha retirado aproximadamente R$ 400 mil. 

A mulher entregou o dinheiro para os criminosos por volta das 8h40. O marido dela foi solto às 11h15. Ele não sofreu ferimentos. 

Informações colhidas pelos policiais na cidade levam a crer que o crime tenha sido premeditado.Policiais Militares de Almenara, Jacinto, Salto da Divisa reforçam as buscas. Imagens de câmeras de segurança já foram analisadas. Uma das suspeitas é que os criminosos utilizaram um HB20 branco durante o sequestro. 

Como o Estado de Minas mostrou,  a extorsão mediante sequestro, crime semelhante ao ocorrido em Itaobim, está em alta em Minas Gerais. A modalidade que envolve o sequestro de funcionários do sistema financeiro, na maioria das vezes gerentes, e seus parentes com o objetivo de roubar dinheiro de agências bancárias, cresceu quase 30% na comparação entre 2017 e 2018, mesmo sem os dados de dezembro do ano passado, que ainda não foram divulgados. 

Os números disponibilizados no site da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) mostram que em 2017 foram 58 casos no estado, contra 75 de janeiro a novembro do ano passado, o que significa alta de 29,3%.

O movimento ascendente desse tipo de crime – cometido de forma bem mais silenciosa e discreta que os ataques com explosivos às agências bancárias – vai na direção oposta ao observado no período de quatro anos entre 2013 e 2017, quando houve quedas sucessivas e acentuadas das ocorrências. 

Na última semana, o crime do Sapatinho aconteceu em Igaratinga, no Centro-Oeste do Estado.  Um segurança da agência do Sicoob Ascicred foi mantido refém por ao menos quatro criminosos junto com sua mulher, de 61 anos, e seu filho, de 26, ainda na noite de segunda-feira, entre as 20h e as 21h. A esposa e o filho do funcionário foram levado para um cativeiro, enquanto bandidos ficaram com o homem até a manhã do dia seguinte. 

Depois disso, o segurança seguiu para a agência, onde entrou em contato com o gerente, seguindo instruções dos bandidos. Foi feito o saque de uma quantia não divulgada. Os bandidos ainda tentaram um segundo saque, em outra agência da mesma instituição, dessa vez do Credi-Rural. A ação não se completou, pois o gerente não tinha acesso aos recursos desse outro estabelecimento. Depois de entregar o dinheiro aos bandidos, o funcionário sequestrado foi liberado. Os criminosos fugiram no carro dele, um Honda Civic, que foi encontrado em Antunes, distrito de Igaratinga. A família dele foi liberado somente no fim da manhã. 

No fim da tarde do mesmo dia, a Polícia Civil prendeu dois suspeitos em Betim, na Grande BH. Com eles, a corporação apreendeu um revólver calibre .38, munição, R$ 20 mil em dinheiro e objetos roubados em Igaratinga. Eles foram detidos em flagrante e encaminhados ao presídio de Pará de Minas, na Região Central.